quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Eita! on-line (e Boca tb!)


E quem quiser ler o terceiro número da revista Eita! na íntegra e ilustrado, basta clicar aqui!

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Ontem fui no lançamento da segunda edição da Boca, revista de matérias visuais e sem texto, idealizada pelos designers Lucídio Leão, Rodrigo Sushi, Sebba Cavalcanti e pela artista plástica Bruna Pedrosa, com apoio do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura). A publicação tá dugarái, golden plus! Pra se ter uma ideia do trabalho, chegue aqui e se lombre na anterior.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Novo texto disponível aqui!

Como tinha prometido na sexta-feira passada, disponibilizo no blog meu texto que está na revista Eita!, lançada antes de ontem no bar Central. Ele tá em um link na seção Outros textos estranhos... - que fica no lado direito da tela - e chama-se Rizophora mangle litterae: por uma possível "literatura mangue beat" . A produção não é nova e já tinha publicado o bicho na revista Lúmen, da Faculdade Frassinetti do Recife (FAFIRE). Dei uns tapas nele e joguei pra editoria da Eita! que o recebeu muitíssimo bem - grato Heloísa Arcoverde! A revista estará sendo comercializada nas boas casas do ramo. Mas o textinho pode ser baixado gratuitamente aqui...

domingo, 20 de dezembro de 2009

Bilau cansado - tiras domênicas

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Eita, lançamento!


Conforme o cartaz acima anuncia, lançamento do terceiro número da Revista Eita!, próxima segunda. Publicação da Fundação de Cultura Cidade do Recife (organizada pela Gerência de Literatura e Editoração, com apoio do Centro de Design do Recife), a revista cultural conta a cada edição com colaboradores diferentes abordando temas diversos relativos à arte, cultura e comportamento, sempre com uma concepção gráfica e editorial fuderosa. Uma beleza! Esse fuleiro aqui, que mais parece um homem-sanduíche (só faz anunciar, escrever que é bom, nada!), tá nela, com um texto - mezzo matéria, mezzo artigo - que logo logo disponibilizarei nessa bodega eletrônica.
Aquelabraço e bom final de semana a todos!

domingo, 13 de dezembro de 2009

Levante sua voz - filme domênico

Intervozes - Levante sua voz from Pedro Ekman on Vimeo.



Pra lembrar que esta semana tem a I Conferência Nacional de Comunicação. Que as forças democráticas iluminem o país. E que nós fiquemos antenados...

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Salve...


...meu rei e o final de semana...

domingo, 6 de dezembro de 2009

Copyright - tira domênica

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Pinto no lixo

Chegou o verão e agora danousse. Se já era mais animado do que coceira, o Recife na estação não para mais. É Sem Loção pra cá, Feira da Música pra lá, maracatus acolás, mostras retrospectivas, expectativas... Êtacarái!, parece que o mundo vai se acabar amanhã. Num sobra nem tempo de ir pra festa da firma!

Nesse final de semana, dois pitacos, vejam só:

Como tá no cartaz, função pra hoje, sexta. Jorge Mautner é o convidado especial da Festa da Sopa, tertúlia do programa de rádio comandado pelo incansável Roger de Renor (seg a sex, das 12h às 13h na Oi Fm). O multiartista fará um show aliando sua voz e violino ao violão do companheiro Nelson Jacobina e aos comandos eletrônicos de DJ Dolores.

Amanhã, sabadão, projeção na Fundaj do documentário Belair (cartaz abaixo, bonito-que-só-a-porra, diga-se), de Bruno Safadi e Noa Bressane (e montagem do amigo Rodrigo Lima!). A Belair Filmes, foi a produtora cinematográfica dos cineastas Júlio Bressane e Rogério Sganzerla, que realizou sete filmes em apenas cinco meses no ano de 1970. Censurados pela ditadura militar, os cineastas saíram do país, e os filmes permanecem pouco conhecidos até hoje. Vale o confere!

domingo, 29 de novembro de 2009

E tu vai pra onde, esse minino? - notas domênicas

"Yo llevo en el alma un camino
destinado a nunca llegar"
(trecho da canção Desaparecido do Mano Chao)

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

O Recife também é assim:

No meio da noite de ontem, o gringo tomou a palavra no turbilhão de opiniões e deu-lhe de tiro certeiro:
"Descobri que em Recife o rito de passagem para virar adulto é criar um desafeto."

Petição contra a Criminalização das Mulheres e pela Legalização do Aborto - utilidade pública

Para apoiar essas lutas, clique aqui e assine!

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Em Recife é assim...

Rua da Imperatriz, Centrão, ontem por volta das 16h, rolava a performance Baby dolls – uma exposição de bonecas, criação do Obscena Agrupamento Independente de Pesquisa, trupe mineira convidada pro XII Festival Recife de Teatro Nacional. Duas senhoras de meia-idade param e obervam um tantinho as mugangas do grupo -atuação política e bem intencionadíssima, diga-se de passagem. Uma olha pra outra e decreta: “Bora simbora senão quem vai ficar doida é a gente!”. E o cheiro de maré sobe, carimbando o solo onde piso...
(passagem adaptada em roubo ao Jornal do Commercio de hoje)

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

A Ilustrada é nossa!

Na sequência da crítica do novo disco de Otto, a Folha de São Paulo publica hoje matéria e crítica sobre mais um fenômeno musical pernambucano:

João do Morro conquista o Nordeste
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Junte na mesma canção pagode, samba, funk e afoxé. Tempere com letras que retratam pequenos fatos do cotidiano com humor afiado. Bem, assim é João Pereira da Silva Júnior. Aos 32 anos, ele adotou o nome João do Morro e é hoje um dos principais nomes da borbulhante cena de Recife.
João do Morro faz cerca de 20 shows por mês na capital pernambucana, suas apresentações estão documentadas e (bem) visualizadas no YouTube e ele lançará o primeiro disco "oficial" em 14 de dezembro.
"Oficial" entre aspas porque nas carrocinhas que passeiam pelas ruas de Recife vendendo CDs piratas há diversos disquinhos com faixas como "Papa-Frango" e "Frentinha", hits de João do Morro.
"As carrocinhas fizeram com que minhas músicas ficassem conhecidas, que chegassem ao interior de Pernambuco, em Alagoas, Rio Grande do Norte. Por isso não posso ser contra a pirataria", afirma à Folha.
João do Morro não é contra a pirataria e não é contra a internet. Possui conta no Twitter (twitter.com/joaodomorro) e no MySpace (www.myspace.com/joaodomorro), por exemplo. "A internet foi um dos mecanismos que me ajudaram na divulgação."
Mas, claro: o que adianta Twitter, MySpace, carrocinhas, se as músicas não ajudam? As músicas de João do Morro são uma síntese de como ritmos regionais e populares podem ser trabalhados como algo de apelo pop e universal.
"Não consegui definir ainda", diz ele, sobre suas músicas. "É uma fusão entre pagode, samba, afoxé e swingueira. Fiz essa misturada, mas não sei dizer qual é o resultado."
Swingueira? "É um pagode mais suingado, em que fazemos coreografias, passos de dança", explica o cantor.
Um dos principais sucessos de João do Morro, "Papa-Frango" nos apresenta a história de um garoto gay que é sustentado por um homem mais velho.
"A inspiração veio de quadrilhas juninas, muito frequentadas por gays. É algo antigo até."
A música fez com que o cantor fosse acusado de homofobia por associações de Pernambuco. E o que fez João do Morro? Compôs "Frentinha".
"Eu não tenho preconceito/ Se você olhar direito/ Hoje em dia o mundo é gay/ É boyzinho com boyzinho/ E boyzinha com boyzinha/ É todo mundo se beijando/ Se amando, se abraçando", diz a pepita.
João do Morro foi criado no Morro da Conceição (daí o apelido). Pai e irmãos tocavam na Galeria do Ritmo, uma escola de música que desfila no Carnaval pernambucano. Com autorização do pai, desde os 16 anos participa de shows de pagode. E, até pouco tempo atrás, trabalhava como açougueiro.
"Eu achava que ficaria restrito ao pagode e à periferia. Mas hoje faço shows na zona sul de Recife, em boates badaladas [e em festivais como o Rec Beat]. Tanto o cara do morro como o cara que tem uma cobertura em Boa Viagem curtem as músicas, pois as letras falam do dia a dia de forma humorada."
Sobre o que o inspira, João do Morro elenca: "Peguei um pouco de cada coisa. Um pouco da personalidade do Zeca Pagodinho, que faz sucesso mas não perdeu a cabeça. De outras coisas, peguei a postura de palco. O deboche veio com Mamonas Assassinas, Tom Cavalcante. Mas, desde 1992, quando descobri Bob Marley, gosto de reggae. Já fiz uma versão "enrolation" de "No Woman No Cry", porque não falo inglês...".

A arte do fenômeno "cafuçu"
XICO SÁ
COLUNISTA DA FOLHA

Não há mistério algum no samba de João do Morro, caros apanhadores de folclores e exotismos. Nem samba é, na maioria das vezes, é gréia, como se traduz livremente no Recife a arte do chiste, da zorra, da tiração de onda.
A graça da sua fuleiragem social clube é usar nas letras o dicionário mais "cafuçu" possível, o glossário peba, tosco, além do brega sentimental e da simples filosofia popular de consolação do corno -algo tão comum na canção romântica.
No pagode do artista, entra o boyzinho (rapaz) suburbano que recebe mimos e é sustentado pelo frango (gay no Recife). E que fique claro: o ativo, nessa pegada, nunca é considerado homossexual. O "Papa-frango", título da faixa de sucesso, é motivo de chacota pela moral econômica de não bancar sua vida.
Para o ouvinte que não conhece as expressões recifenses, o enredo pode soar um pouco incompreensível na primeira audiência. O show de João é o seu vocabulário, como diz em "As Nêga Endoida", dirigindo-se a quem o chama para animar os bailes.
A crônica sobre a boyzinha (garota) que corre da chuva com medo de estragar a chapinha todo mundo entende. A letra relata o fenômeno de abertura dos salões de beleza nas periferias e rima o estoque inteiro de técnicas e produtos para o cabelo: "Umas passam easy, outras biorene/henê, hairfly, guarnidina e kolene".
Badalado a partir das carrocinhas e "publicicletas", veículos que vendem CDs e DVDs piratas, João do Morro e a banda "Os cara" esticaram seus hits para a internet, via blogs e Myspace etc. "Chupa que é de uva", diz o "cronista da comunidade", como se define, usando a provocação que dá nome a um outro dos tantos sucessos.
Sua origem é o Morro da Conceição, no bairro de Casa Amarela, zona norte, o mais populoso da cidade. Não há segredo no pagode. É a linguagem da "poeira" (povão no dicionário popular do Recife) nas letras e música fácil e sem frescura emepebística. Como diz Fred 04 em um dos seus sambas esquema noise, não tem mistério. Tem não.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Um bom discurso sobre a Confecom

Clique aqui e veja o discurso de Joaquim Ernesto Palhares, diretor-presidente da Agência Carta Maior, na Conferência Estadual de Comunicação de São Paulo. Vale a pena!

Nueva ley de medios

E por falar em comunicação, olhem só a nova lei argentina sobre os meios. E é aqui do lado...

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Certa manhã acordei pra (não) escrever...

Faz é tempo que tô querendo passar por aqui e contar das coisas que recentemente vem alimentando o espírito desta carcaça tão estranha quanto o mais comum dos homens.
Pois bem, poderia discorrer sobre a beleza que é Loki, o documentário sobre Arnaldo Baptista, e sobre a pancada que é Anticristo, mais uma obra-prima do dinamarquês Lars von Trier. Isso só pra ficar nesse negócio de cinema, essa arte cara, conforme bem diagnosticou o taperoaense Ariano Suassuna.
Na música, soltaria o verbo e rasgaria a ceda sobre 3 trabalhos recentes: Uhuu!, do Cidadão Instigado; Dança da Noite, de Zé Cafofinho & Suas Correntes (o universo de rua do velho Recife nas suas fuleiragens e safadezas - esse ainda devo uma resenha!); e o visceral e fuderoso (e não teria outros adjetivos tão ao nível do) Certa Manhã Acordei de Sonhos Intranquilos, do galego Otto.
Mas acreditem, mesmo com tanta sustância, ainda não será desta vez que gastarei um tantinho de prosa sobre essas maravilhas - é que ando numa fase venha a nós, ao vosso reino ofereço apenas minhas recomendações que, acreditem, não são fracas... Mas se não escrevo eu, que escrevam os outros! E essa ladainha toda é só pra divulgar a crítica publicada hoje nas folhas dos Frias sobre o último disco citado acima. É dor, inferno, coração e salve!

Em meio ao caos, cantor encontra equilíbrio
BRUNO YUTAKA SAITO
EDITOR-ASSISTENTE DA ILUSTRADA

Fosse um inseto, como sugere na referência a "A Metamorfose", Otto seria daquelas baratas que não morrem na primeira chinelada.
Ele ressurge revigorado, ilustrando a ideia romântica de que momentos de crise geram belas obras de arte. "Certa Manhã Acordei de Sonhos Intranquilos" é, de longe, o melhor e mais vigoroso disco de Otto.
Isso porque, desta vez, ele está livre de amarras. Não é mais um produto da bem-intencionada mas sem sal "geração Trama", gravadora que tentou emplacar novos nomes na MPB, e nem é mais representante da mistura de eletrônica com o regional brasileiro, que, em 1998, parecia ser muito moderno.
Otto finalmente se acertou com sua real turma. O novo disco é mais um fruto da já gloriosa "safra 2009", ano excepcional para a música brasileira.
Fernando Catatau (Cidadão Instigado), por exemplo, deixa sua marca registrada nas guitarras psicodélicas e emotivas de faixas como "Filha" e "Meu Mundo Dança"; Pupillo e Dengue (Nação Zumbi) criam a tensão necessária para Otto exorcizar demônios, mais do que apenas lamuriar; o ar afro de Céu está em "O Leite", e a mexicana Julieta Venegas confere "latinidade" a "Lágrimas Negras" (Jorge Mautner/Nelson Jacobina) e "Saudade".
Se em alguns momentos é mais visceral, sem medo de falar das fraquezas, está mais próximo da dor de Walter Franco que do romantismo de Roberto Carlos. Na épica "6 Minutos", canta: "Até pra morrer, você tem que existir/.../nasceram flores num canto de um quarto escuro". Desta vez, a música é bem maior do que o personagem.



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CERTA MANHÃ ACORDEI DE SONHOS INTRANQUILOS

Artista: Otto
Lançamento: Arterial Music (distribuição: Rob Digital); R$ 26,30
Avaliação: ótimo

domingo, 22 de novembro de 2009

De repente - tira domênica

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

De grão em grão

A I Conferência Nacional de Comunicação já deu as caras aqui neste blog algumas vezes. Pois é, ela se aproxima, será entre os dias 14 e 17 de dezembro em Brasília. Boicotada pela grande mídia e mal costurada pelo Ministério das Comunicações (parte cedida desse nosso governo de coalizão), pouca coisa deve ser conquistada no sentido de uma maior democratização dos meios comunicacionais do país.
No entanto, apesar das condições em que ela se desenrolará, o processo da Conferência - talvez o evento político mais importante do ano - vem gerando debates e tem servido pedagogicamente para chegarmos a alguns consensos em torno das problemáticas e necessidades de nossas mídias. O jornalista Altamiro Borges enumera alguns desses consensos:

1) novo marco regulatório, que coíba a concentração do setor e garanta a diversidade informativa;
2) revisão dos critérios de concessão pública para as emissores privadas de rádio e TV;
3) fortalecimento da rede pública de comunicação;
4) fim da criminalização da radiodifusão comunitária;
5) política pública de inclusão digital, garantindo “banda larga para todos”;
6) revisão dos critérios da publicidade oficial, incentivando a pluralidade;
7) medidas de estimulo à participação popular e ao controle social, com a criação dos conselhos de comunicação.

Também pedagogicamente, o processo da Conferência tem contribuido para tirar o véu que encobre aqueles que mandam e desmandam no meios de comunicações brasileiros. Visto que, como coloca o mesmo Altamiro, "quando o governo Lula finalmente decidiu convocar a conferência, eles tentaram sabotá-la. Num gesto desesperado, seis das oito entidades empresariais abandonaram a comissão organizadora do evento. Com isso, os barões da mídia demonstraram que não têm qualquer compromisso com a democracia; que o discurso da 'liberdade de expressão' é pura retórica; que eles não defendem a 'liberdade de imprensa', mas sim a 'liberdade dos monopólios'." (in: A virtude pedagógica da Confecom)

Rumo a um primeiro passo pela democratização dos meios no país!

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Sem largar o osso

A elite brasileira chora pra largar o osso...

A sociologia do pânico

Por Liszt Vieira* e Aloysio Carvalho**

Com a aproximação do fim do mandato de Lula e o acirramento das disputas em torno do poder político, surgiu uma nova abordagem no meio acadêmico, mais especificamente no campo sociológico. Seu objeto são as eleições de 2010, e sua metodologia a difusão do pânico. A sociologia do pânico substituiu os economistas do desastre que alimentaram na mídia liberal conservadora o diagnóstico de que o governo Lula iria jogar o país numa crise sem precedentes.

Ocorre que o capitalismo brasileiro, como reconhecem praticamente todos os economistas, tornou-se sólido, com um setor industrial desenvolvido, um mercado interno em expansão, um forte agronegócio, e um sistema financeiro organizado, que atravessou sem maiores problemas a crise mundial de 2008.

Como a economia vai bem, a oposição se voltou para o sistema político, com foco no executivo, alvo de seus prognósticos catastróficos. Em texto amplamente divulgado pela imprensa, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sustenta que “o DNA do autoritarismo popular vai minando o espírito da democracia constitucional” e acrescenta que “vamos regressando a formas políticas do autoritarismo militar”.

O presidente Lula deteria “um poder sem limites”, de caráter burocrático-corporativo. Como a vitória de Dilma possibilitará a emergência do subperonismo no Brasil encarnado na figura de Lula, é preciso dar um basta no continuísmo antes que se consolide o atraso representado na aliança entre Estado, sindicatos, movimentos sociais, fundos de pensão e grandes empresas, cada vez mais fundidos nos altos fornos do tesouro.

Na mesma linha de raciocínio encontra-se o texto do sociólogo Werneck Vianna apropriado por um colunista de O Globo. O governo Lula faz uma volta ao passado com a revalorização do Estado Novo e dos governos militares, cujas doutrinas remontam a Oliveira Vianna e Alberto Torres. Os mortos continuam comandando os vivos e o espírito da Ibéria cobra o seu preço diante de um mercado que não consegue se auto-regular. Como decorrência, a democracia brasileira perde seus fundamentos quando a “sociedade em sua diversidade se deixa submeter ao Estado, conferindo à liderança de um chefe de governo carismático a tarefa de cimentar a unidade de seus contrários”.

Pouco depois, o historiador Carlos Guilherme Mota, em entrevista ao jornal Estado de São Paulo, critica Lula e diz que seu governo é pior do que subperonismo, porque "o peronismo politizava e o pobrismo do Brasil avilta"...

O que há de comum nessas interpretações? Mais do que a preocupação liberal com o equilíbrio de poder entre as instituições, o que está em jogo é o poder político e os recursos disponibilizados pelo Estado. Afinal, como até há pouco tempo prevalecia a tese de “primeiro crescer para depois repartir”, a melhora da qualidade de vida da população não acompanhou o crescimento econômico do país.

Nesse ponto vale resgatar o pensamento de Florestan Fernandes, cuja obra tornou-se clássica na sociologia brasileira. O mestre Florestan continua atual e foi claro no livro “A Revolução Burguesa no Brasil”. A burguesia no Brasil detêm um forte poder econômico, social e político, de base e de alcance nacionais. Sempre atua e reage preventivamente quanto às mudanças mais profundas que devem ser realizadas para expandir a democracia no Brasil.

Uma dessas mudanças é, sem dúvida, a redução da desigualdade social. Basta uma rápida comparação na distribuição da renda nos governos FH e Lula. São inversamente proporcionais. No governo FH, a renda caiu vertiginosamente; no governo Lula, subiu de forma expressiva. No que se refere ao desemprego, o fenômeno foi exatamente o inverso, conforme mostram os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD 2008/IBGE.

O governo Lula ampliou o mercado interno trazendo para a esfera do consumo as classes C e D que passaram a constituir demanda para a pequena e média empresa em todo o país. Isso contribuiu para o crescimento econômico, assegurado sem inflação, com aumento real de poder aquisitivo para as camadas de baixa renda.

Os estímulos concedidos pelo governo levaram a uma rápida superação da crise econômica. Isso explica porque o objetivo de alguns sociólogos da oposição é semear o pânico no campo político, já que no econômico o governo Lula teve excelente desempenho, ao contrário do que previam os economistas liberais sempre presentes na mídia.

Mas, também no campo político, esses sociólogos vão malhar em ferro frio. O governo Lula é talvez o mais democrático da história política brasileira. Além disso, fortaleceu o Brasil no cenário internacional em função dos interesses brasileiros e latinoamericanos, rompendo com a dependência tradicional em relação aos interesses norteamericanos.

As elites estão divididas. Alguns segmentos estão satisfeitos com a situação econômica. Outros, mais ligados ao poder político, estão desesperados e tentam manipular a opinião pública por meio da mídia.

Lula está sendo criticado mais pelas suas virtudes do que pelos seus defeitos. É curioso observar que esses críticos não abordaram a questão da ética, nem atacaram, por exemplo, o lado mais vulnerável do governo que é a questão ambiental.

O governo brasileiro reluta em levar metas definidas à conferência da ONU sobre clima, em Copenhague. O Brasil pode, mais uma vez, perder a chance de assumir liderança mundial na questão climática que se torna hoje uma prioridade global.

Mas a sociologia do pânico nem tocou nesse assunto, influenciada certamente pela visão produtivista que predomina no mercado. É pena, porque dentro de vinte ou trinta anos os governos vão ser julgados menos pelas obras e mais pelo que fizeram para combater o aquecimento global e evitar as mudanças climáticas que ameaçam a humanidade.

Essas questões, porém, passam longe das preocupações da sociologia do pânico, interessada apenas no poder político em jogo nas eleições presidenciais de 2010.


*Liszt Vieira é Sociólogo, Professor da PUC, Presidente do Jardim Botânico do Rio.

**Aloysio Castelo de Carvalho é Professor da Faculdade de Economia da UFF e do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da UFF.

(Texto publicado no site Agência Carta Maior)

domingo, 15 de novembro de 2009

Beethovens - notas domênicas

"O que pode ser repensado é o estatuto da noção de criação, não para dizer que não é mais possível criação, mas para redefini-la de uma maneira criativa, digamos assim. Temos que criar um outro conceito de criação. Trabalhamos atualmente com um conceito, por um lado, velho como o cristianismo (criação bíblica) e, por outro lado, com o do romantismo, a criação como manifestação, emanação de uma sensibilidade sui generis do indivíduo privilegiado. Esses dois modos de conceber a criação não dão mais conta do que está se processando nesse mundo atual. Está havendo tanta criação quanto havia antes, não creio que esteja havendo menos. O que houve foi uma mudança das condições. Mudaram as condições de criação, mudaram as condições de distribuição. Mas Beethoven não vai aparecer de novo, não porque um gênio como Beethoven não pode aparecer de novo, não é esse o problema. Pode aparecer com certeza, se é que já não há um milhão deles por aí, talvez tenha muito mais do que naquela época, já que há muito mais gente no planeta. O que não existe são as condições iguais às que tinha Beethoven para ser um Beethoven. As condições de restrição do ambiente cultural da Europa, o tipo de formação cultural que existia, o tipo de tradição de transmissão da informação. Os 'Beethovens' de hoje tão fazendo outra coisa, não sei o quê exatamente. A criação artística está ficando cada vez mais parecida com a criação científica, que sempre foi um trabalho em rede, em que você trabalha em cima do trabalho dos outros, que exige todo um aparato institucional complexo de produção propriamente coletiva."
(outro trecho da entrevista do antropólogo Eduardo Viveiros de Castro no livro culturadigital.br)

domingo, 8 de novembro de 2009

Pequenas divindades românticas - notas domênicas

..."toda nossa teoria da criação é a de que existe uma oposição radical, uma oposição intransponível entre criação e cópia. O criar e o copiar são os dois extremos de um processo, quer dizer, o criador é aquele que precisamente tira de si tudo o que precisa, e o plagiário é aquele que tira dos outros. O plagiário é um saqueador, e o criador é o doador absoluto. A dádiva é uma modalidade da criação, a criação é uma modalidade da dádiva, talvez a criação seja a dádiva pura, e aí você vê bem as raízes teológicas desse modelo: Deus criou o mundo do nada, tirou de si mesmo. A criação é o modelo do poeta, do criador como uma divindade no seu próprio departamento, que é o modelo romântico do gênio como um criador, um pequeno deus, uma pequena divindade, que tira de si mesmo a criação."
(trecho da entrevista do antropólogo Eduardo Viveiros de Castro no livro culturadigital.br)

domingo, 1 de novembro de 2009

Quer que embrulhe? - notas domênicas

"A prática recombinante, para a indústria cultural, foi banida. Ela é banida a partir do momento que você precisa construir uma lógica mercantil da cultura. Então aquilo que é o estilo basicamente comunitário, comum de uma dada região. Para falar como surge o jazz, o que é preciso fazer? Você tem que começar a especializar os caras que tocam jazz, especializar cada um na sua função. Você precisa dar, cada vez mais, uma lógica de individualidade, de autoria. Você faz isso e a partir desse momento você pode começar a dizer que é importante para a cultura aquele fenômeno que é vinculado à genialidade, e essa genialidade se expressa basicamente numa coisa que é quase mística. 'Eu crio porque eu sou genial'. Eu não tenho nenhum contato com a cultura, ou esse contato é extremamente secundário. Isso acontece também na ciência, mas menos. É tipicamente das artes, porque as artes foram empacotadas e transformadas em mercadorias, e aí você precisa claramente criar uma figura que é acima da cultura, acima do comum, acima da produção coletiva. E essa figura é o autor, que é genial e que cria uma obra completamente original, sem precedentes. Então a indústria cultural está sempre atrás disso."
(trecho da entrevista de Sérgio Amadeu no livro culturadigital.br)

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Começou ontem a construção colaborativa do regulamento civil da Internet

Para saber mais, clique aqui!

Eu tô cansado dessa merda


Primeiro clipe oficial do Carnaval no Inferno, último disco da Eddie. Dirigido pelo amiguinho e designer Hélder Santos, a música tem participação de Karina Buhr no gogó.
Bom finde!
ps.: E por falar em final de semana e Eddie, tem showzinho da banda no Clube Alemão-Recife amanhã, 31, último dia deste mês de outubro...

domingo, 25 de outubro de 2009

Delivery - notas domênicas

“É a linguagem que está a serviço da vida
não a vida a serviço da linguagem”
Paulo Leminski

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Saudade

E o que restava do meu ralo jeito com as palavras se esvai junto ao rio com o qual agora amanheço. O que era pouco, no momento é menos ainda. Troco teclas e orações por taperoás, juazeiros, paranatamas e poraí vou... É que ando viajando, mas um dia volto. Eu espero.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Obra de arte


Isto sim! E bom final de semana a todos...

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Igreja Universal abrirá concurso para pastor. Salário é de R$ 8 mil! - utilidade pública



O Centro de Seleção e de Promoção de Eventos da Universidade de Brasília (CESPE/UnB) abrirá o primeiro concurso para pastor da Igreja Universal do Reino de Deus.

Segundo representante da Universal, o concurso público tem a intenção de recrutar profissionais qualificados para participarem do “a grande expansão da Palavra” e a “cultura popular de Deus”. “Já conquistamos nosso espaço em 172 países. Temos obras sociais espalhadas nos quatro cantos do globo. Precisamos de profissionais não apenas ungidos pelo Espírito Santo e preparados no fogo do Pai das Luzes para cumprir nossa missão evangelizadora, mas também de pastores com conhecimento técnicos para darem continuidade a essa obra tremenda” explica empolgado o pastor Ricardo Ibrahim, responsável interno da IURD pela organização do concurso.

Adavilson dos Santos, de 23 anos, morador de Guarulhos, pensa em fazer o concurso “Estou muito ansioso, sou pastor desde os meus 18 anos e obreiro da minha igreja desde os 11. Colei grau em Teologia ano passado. Sempre estudei bastante. Esta é uma oportunidade muito grande na carreira de qualquer pastor e não vou perdê-la”, vibra o jovem.

As vagas serão abertas para candidatos do sexo masculino com curso superior em quaisquer áreas. Candidatos com Bacharelado em Administração Eclesiástica ou Pós-Graduação (mestrado e doutorado) em Administração de Igrejas e disciplinas afins ganham pontos na prova de títulos. O número de vagas não foi divulgado. O salário inicial na investidura do cargo é de R$ 8.234,82 mais benefícios.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

E salve los hermanos!

Se nos campos a Argentina vem derrapando, fora dele, na batalha que interessa, nosso hermanos tão dando show! Vejam:

Vitória da democracia: Senado argentino aprova nova lei de mídia

A liberdade de imprensa ganhou novo fôlego na Argentina na madrugada deste sábado, 10, com a aprovação, por parte do Senado, da inovadora lei de radiodifusão, mais conhecida como "lei da mídia", que aumentará a participação da sociedade e do governo nas decisões envolvendo a concessão de licenças para canais de TV e rádio.
A aprovação da lei só é uma má notícia para os interesses coroporativos dos poderosos grupos de mídia no país, que até então usavam como bem entendiam o espaço comunicacional por eles explorados.

Para obter esse trunfo democrático, a presidente Cristina Kirchner mobilizou sua base no parlamento e contou com o apoio dos movimentos sociais para conseguir a aprovação da lei. Além da própria base, o governo obteve a adesão de diversos senadores opositores, que concordaram em votar a favor dos Kirchners. A lei foi aprovada depois de 15 horas de debates com 44 votos a favor. A oposição reuniu 24 votos contra o projeto de lei. A Câmara dos Deputados já aprovou a proposta, no último dia 17

O ex-presidente Kirchner havia denominado este embate no Parlamento de "a mãe de todas as batalhas". O mais radical adversário da lei é o principal grupo de mídia do país, o Grupo Clarín. Desde o ano passado, o Clarín está em pé de guerra contra o governo Kirchner. Cristina e o ex-presidente Nestor Kirchner acusam o Clarin de tentar implementar um "golpe de Estado" midiático.

Direitos ampliados

Para tentar justificar a derrota, a oposição alegou que houve "compra de votos" no parlamento. O governo contra-argumentou, acusando os representantes da oposição de defender os "monopólios" de comunicação.

O senador governista Nicolás Fernández defendeu a lei com o argumento de que propiciaria "pluralidade" nos meios de comunicação.

Do lado de fora do edifício do Congresso Nacional milhares de manifestantes comemoraram com bumbos e faixas a aprovação do projeto de lei, que abrirá espaço nos meios de comunicação para sindicatos, ONGs e a Igreja Católica, além de universidades públicas.

Controle social sobre a mídia

A lei impedirá os monopólios, pois impede que qualquer rede privada de TV possa concentrar mais do que 35% do mercado de mídia. Outro ponto positivo da lei é o impedimento aos grupos de mídia de manter um canal de TV aberta de forma simultânea a um canal de TV a cabo. Além disso, a lei determina que as licenças para canais de TV em cidades maiores de 500 mil habitantes serão concedidas diretamente pelo próprio governo. A nova lei ainda regulamenta a publicidade oficial.

As licenças, que até esta lei tinham duração de 20 anos, passarão a ter um prazo de 10 anos, com a possibilidade de serem renovadas por outra década. No entanto, as licenças serão revisadas a cada dois anos, aumentano o controle público sobre estas concessões.

Fúria da mídia rendeu votos a favor da lei

A mídia atacou de forma tão violenta e despropositada a nova lei, com ameaças e denúncias falsas, que até mesmo senadores da oposição que eram contra o projeto passaram a ser a favor da lei de mídia.

O senador Carlos Salazar, integrante do partido Força Republicana, da província de Tucumán, que há poucas semanas havia assinado uma ata na qual afirmava que o projeto de lei de mídia da presidente Cristina era "inconstitucional" - votou a favor do projeto dos Kirchners. Ele afirmou que estava indignado pela "perseguição" da mídia aos políticos.

Vários outros senadores que foram alvo da imprensa ao longo das últimas duas décadas, apesar das divergências ideológicas com a presidente Cristina, também optaram por apoiar o governo.

A aprovação da lei argentina abre espaço para que legislações semelhantes sejam aprovadas em oputros países da região. No Brasil, o processo preparatório da 1ª Conferência Nacional de Comunicação já está debatendo propostas para democratizar a comunicação no país.

domingo, 11 de outubro de 2009

Com o bucho mais cheio começei a pensar - notas domênicas

"só a 'violência popular' permitirá às classes desfavorecidas se fazerem ouvir nas democracias liberais."
(li isso essa semana, mas nem lembro mais onde...)

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Triunfo 2018!!!

Tão pensando que é brincadeira?! Pois por aqui, a galera já tá se articulando pra lançar a candidatura da cidade sertaneja como sede das Olimpíadas de Inverno de 2018...

domingo, 4 de outubro de 2009

Lembrança aos criadores - notas domênicas

"Sem forma revolucionária não há arte revolucionária."
Vladímir Maiakóvski

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

10 razões para legalizar as drogas

O Le Monde Diplomatique de setembro, uma das melhores publicações brasileiras, tem um dossiê sobre "A legalização das drogas e seus impactos na sociedade", com textos de Thiago Rodrigues (Tráfico, guerras e despenalização), uma entrevista com Caco Barcellos, um artigo de Luciana Boiteux (Aumenta o consumo. O proibicionismo falhou) e de Victeor Palomo (A dependência química é de uma minoria).

Silvio Caccia Bava, o editor do LMD, em lugar de seu habitual editorial, dá a palavra a um especialista em Inteligência Criminal da Scotland Yard, John Grieve, que não perde atualidade, mesmo sendo escrito na Inglaterra e em 1997. Reproduzimos aqui o texto, para socializar a informação e promover o debate. Mais materiais, no LMD de setembro.

1. Encarar o verdadeiro problema
Os burocratas que constroem as políticas sobre drogas têm usado a proibição como uma cortina de fumaça para evitar encarar os fatores sociais e econômicos que levam as pessoas a usar drogas. A maior parte do uso ilegal e do uso legal de drogas é recreacional. A pobreza e o desespero estão na raiz da maioria do uso problemático da droga, e somente dirigindo-se a estas causas fundamentais é que poderemos esperar diminuir significativamente o número de usuários problemáticos.

2. Eliminar o mercado do tráfico
O mercado de drogas é comandado pela demanda de milhões de pessoas que demandam drogas ilegais atualmente. Se a produção, suprimento e uso de algumas drogas são criminalizados, cria-se um vazio que é preenchido pelo crime organizado. Os lucros neste mercado são de bilhões de dólares. A legalização força o crime organizado a sair do comércio de drogas, acaba com sua renda e permite-nos regular e controlar o mercado (isto é, prescrever, licenciar, controle de vendas a menores, regulação de propaganda, etc.)

3. Redução drástica do crime
O preço das drogas ilegais é determinado por um mercado de alta demanda e não regulado. Usar drogas ilegais é muito caro. Isso significa que alguns usuários dependentes recorrem ao roubo para conseguir dinheiro (corresponde a 50% do crime contra a propriedade na Inglaterra e é estimado em 5 bilhões de dólares por ano). A maioria da violência associada com o negócio ilegal da droga é causada por sua ilegalidade. A legalização permitiria regular o mercado e determinar um preço muito mais baixo acabando com a necessidade dos usuários de roubar para conseguir dinheiro. Nosso sistema judiciário seria aliviado e o número de pessoas em prisões seria reduzido drasticamente, economizando-se bilhões de dólares. Por causa do preço baixo, os fumantes de cigarro não têm que roubar para manter seu hábito. Não há também violência associada com o mercado de tabaco legal.

4. Usuários de droga estão aumentando
As pesquisas na Inglaterra mostram que quase a metade de todos os adolescentes entre 15 e 16 anos já usou uma droga ilegal. Cerca de 1,5 milhão de pessoas usa ecstasy todo fim de semana. Entre os jovens, o uso ilegal da droga é visto como normal. Intensificar a guerra contra as drogas não está reduzindo a demanda. Na Holanda, onde as leis do uso da maconha são muito menos repressivas, o seu uso entre os jovens é o mais baixo da Europa. A legalização aceita que o uso da droga é normal e que é uma questão social e não uma questão de justiça criminal. Cabe a nós decidirmos como vamos lidar com isto. Em 1970, na Inglaterra, havia 9.000 condenados ou advertências por uso de droga e 15% de novas pessoas tinham usado uma droga ilegal. Em 1995 os números eram de 94.000 e 45%. A proibição não funciona.

5. Possibilitar o acesso à informação verdadeira e a riqueza da educação
Um mundo de desinformação sobre drogas e uso de drogas é engendrado pelos ignorantes e preconceituosos burocratas da política e por alguns meios de comunicação que vendem mitos e mentiras para beneficio próprio. Isto cria muito dos riscos e dos perigos associados com o uso de drogas. A legalização ajudaria a disseminar informação aberta, honesta e verdadeira aos usuários e aos não-usuários para ajudar-lhes a tomar decisões de usar ou não usar e de como usar. Poderíamos começar a pesquisar novamente as drogas atualmente ilícitas e descobrir todos os seus usos e efeitos – positivos e negativos.

6. Tornar o uso mais seguro para o usuário
A proibição conduziu à estigmatização e marginalização dos usuários de drogas. Os países que adotam políticas ultra-proibicionistas têm taxas muito mais elevadas de infecção por HIV entre usuários de drogas injetáveis. As taxas de hepatite C entre os usuários no Reino Unido estão aumentando substancialmente. No Reino Unido, nos anos 80, agulhas limpas para usuários e instrução sobre sexo seguro para jovens foram disponibilizados em resposta ao medo do HIV. As políticas de redução de danos estão em oposição direta às leis de proibição.

7. Restaurar nossos direitos e responsabilidades
A proibição criminaliza desnecessariamente milhões de pessoas que, não fosse isso, seriam pessoas normalmente obedientes às leis. A proibição tira das mãos dos que constroem as políticas públicas a responsabilidade da distribuição de drogas que circulam no mercado paralelo e transfere este poder na maioria das vezes para traficantes violentos. A legalização restauraria o direito de se usar drogas responsavelmente e permitiria o controle e regulação para proteger os mais vulneráveis.

8. Raça e drogas
As pessoas da raça negra correm dez vezes mais fisco de serem presas por uso de drogas que as pessoas brancas. As prisões por uso de droga são notoriamente discriminatórias do ponto de vista social, alvejando facilmente um grupo étnico particular. A proibição promoveu este estereótipo das pessoas negras. A legalização remove um conjunto inteiro de leis que são usadas desproporcionalmente no contato de pessoas negras com o sistema criminal da justiça. Ajudaria a reverter o número desproporcional de pessoas negras condenadas por uso de droga nas prisões.

9. Implicações globais
O mercado de drogas ilegais representa cerca de 8% de todo o comércio mundial (em torno de 600 bilhões de dólares ano). Países inteiros são comandados sob a influência, que corrompe, dos cartéis das drogas. A proibição permite também que os países desenvolvidos mantenham um amplo poder político sobre as nações que são produtoras com o patrocínio de programas de controle das drogas. A legalização devolveria o dinheiro perdido para a economia formal, gerando impostos, e diminuiria o alto nível de corrupção. Removeria também uma ferramenta de interferência políticas das nações estrangeiras sobre as nações produtoras.

10. A proibição não funciona
Não existe nenhuma evidência para mostrar que a proibição esteja resolvendo o problema. A pergunta que devemos nos fazer é: Quais os benefícios de criminalizar qualquer droga? Se após analisarmos todas as evidências disponíveis concluirmos que os males superam os benefícios, então temos de procurar uma política alternativa. A legalização não é a cura para tudo, mas nos permite encarar os problemas criados pela proibição. É chegada a hora de uma política pragmática e eficaz sobre drogas.

(Texto publicado por Emir Sader no site Agência Carta Maior)

domingo, 27 de setembro de 2009

Como sempre foi e sempre será - notas domênicas

"A humanidade não representa um desenvolvimento rumo ao melhor ou ao mais forte ou ao mais elevado tal como hoje se acredita. O "progresso" é meramente uma ideia moderna, ou seja, uma ideia errônea. O valor do europeu de hoje fica muito abaixo do valor do europeu da Renascença; não há qualquer relação necessária entre evolução e elevação, intensificação, fortalecimento.
Em outro sentido, há um êxito permanente de casos isolados, nos mais diferentes lugares da terra e no interior das mais diferentes culturas, que representam de fato um tipo superior: algo que, comparado ao todo da humanidade, é uma espécie de super-homem. Tais acasos felizes de grande êxito sempre foram possíveis, e talvez sempre o sejam. E mesmo gerações, tribos e povos inteiros podem, às vezes, representar semelhante acerto."
(nota da moda: O Anticristo, Friedrich Niestzsche)

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Drágeas diárias...

...de Laerte...

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Pela imediata privatização da revista Veja!

Numa conversa descontraída no aeroporto de Brasília, o irreverente Sérgio Amadeu, professor da Faculdade Cásper Libero e uma das maiores autoridades brasileiras em internet, deu uma idéia brilhante. Propôs o início imediato de uma campanha nacional pela privatização da Veja. Afinal, a poderosa Editora Abril, que publica a revista semanal preferida das elites colonizadas, sempre pregou a redução do papel do Estado, mas vive surrupiando os cofres públicos. “Se não fossem os subsídios e a publicidade oficial, as revistas da Abril iriam à falência”, prognosticou Serginho.

As “generosidades” do governo Lula

Pesquisas recentes confirmam a sua tese. Carlos Lopes, editor do jornal Hora do Povo, descobriu no Portal da Transparência que “nos últimos cinco anos, o Ministério da Educação repassou ao grupo Abril a quantia de R$ 719.630.139,55 para compra de livros didáticos. Foi o maior repasse de recursos públicos destinados a livros didáticos dentre todos os grupos editoriais do país... Nenhum outro recebeu, nesse período, tanto dinheiro do MEC. Desde 2004, o grupo da Veja ficou com mais de um quinto dos recursos (22,45%) do MEC para compra de livros didáticos”.

Indignado, Carlos Lopes criticou. “O MEC, infelizmente, está adotando uma política de fornecer dinheiro público para que o Civita sustente seu panfleto – a revista Veja”. Realmente, é um baita absurdo que o governo Lula ajude a “alimentar cobras”, financiando o Grupo Abril com compras milionárias de publicações questionáveis, isenção fiscal em papel e publicidade oficial. Não há o que justifique tamanha bondade com inimigos tão ferrenhos da democracia e da ética jornalística. Ou é muita ingenuidade, ou muito pragmatismo, ou muita tibieza. Ou as três “virtudes” juntas.

A relação promiscua com os tucanos

Já da parte de governos demos-tucanos, o apoio à famíglia Civita é perfeitamente compreensível. Afinal, a Editora Abril é hoje o principal quartel-general da oposição golpista no país e a revista Veja é o mais atuante e corrosivo partido da direita brasileira. Não é de se estranhar suas relações promíscuas com o presidenciável José Serra e outros expoentes do PSDB-DEM. Recentemente, o Ministério Público Estadual acolheu representação do deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) e abriu o inquérito civil número 249 para apurar irregularidades no contrato firmado entre o governo paulista e a Editora Abril na compra de 220 mil assinaturas da revista Nova Escola.

A compra de 220 mil assinaturas representa quase 25% da tiragem total da revista Nova Escola e injetou R$ 3,7 milhões aos cofres do “barão da mídia” Victor Civita. Mas este não é o único caso de privilégio ao grupo direitista. José Serra também apresentou proposta curricular que obriga a inclusão no ensino médio de aulas baseadas nas edições encalhadas do “Guia do Estudante”, outra publicação da Abril. Como observa o deputado Ivan Valente, “cada vez mais, a editora ocupa espaço nas escolas de São Paulo. Isso totaliza, hoje, cerca de R$ 10 milhões de recursos públicos destinados a esta instituição privada, considerando apenas o segundo semestre de 2008”.

O mensalão da mídia golpista

Segundo o blog NaMariaNews, que monitora a deterioração da educação em São Paulo, o rombo nos cofres públicos pode ser ainda maior. Numa minuciosa pesquisa aos editais publicados no Diário Oficial, o blog descobriu o que parece ser um autêntico “mensalão” pago pelo tucanato ao Grupo Abril e a outras editoras, como Globo e Folha. Os dados são impressionantes e reforçam a sugestão de Sérgio Amadeu da deflagração imediata da campanha pela “privatização” da revista Veja. Chega de sugar os cofres públicos! Reproduzo abaixo algumas mamatas do Grupo Civita:

- DO de 23 de outubro de 2007. Fundação Victor Civita. Assinatura da revista Nova Escola, destinada às escolas da rede estadual de ensino. Prazo: 300 dias. Valor: R$ 408.600,00. Data da assinatura: 27/09/2007. No seu despacho, a diretora de projetos especial da secretaria declara “inexigível licitação, pois se trata de renovação de 18.160 assinaturas da revista Nova Escola.

- DO de 29 de março de 2008. Editora Abril. Aquisição de 6.000 assinaturas da revista Recreio. Prazo: 365 dias. Valor: R$ 2.142.000,00. Data da assinatura: 14/03/2008.

- DO de 23 de abril de 2008. Editora Abril. Aquisição de 415.000 exemplares do Guia do Estudante. Prazo: 30 dias. Valor: R$ 2.437.918,00. Data da assinatura: 15/04/2008.

- DO de 12 de agosto de 2008. Editora Abril. Aquisição de 5.155 assinaturas da revista Recreio. Prazo: 365 dias. Valor: R$ 1.840.335,00. Data da assinatura: 23/07/2008.

- DO de 22 de outubro de 2008. Editora Abril. Impressão, manuseio e acabamento de 2 edições do Guia do Estudante. Prazo: 45 dias. Valor: R$ 4.363.425,00. Data da assinatura: 08/09/2008.

- DO de 25 de outubro de 2008. Fundação Victor Civita. Aquisição de 220.000 assinaturas da revista Nova Escola. Prazo: 300 dias. Valor: R$ 3.740.000,00. Data da assinatura: 01/10/2008.

- DO de 11 de fevereiro de 2009. Editora Abril. Aquisição de 430.000 exemplares do Guia do Estudante. Prazo: 45 dias. Valor: R$ 2.498.838,00. Data da assinatura: 05/02/2009.

- DO de 17 de abril de 2009. Editora Abril. Aquisição de 25.702 assinaturas da revista Recreio. Prazo: 608 dias. Valor: R$ 12.963.060,72. Data da assinatura: 09/04/2009.

- DO de 20 de maio de 2009. Editora Abril. Aquisição de 5.449 assinaturas da revista Veja. Prazo: 364 dias. Valor: R$ 1.167.175,80. Data da assinatura: 18/05/2009.

- DO de 16 de junho de 2009. Editora Abril. Aquisição de 540.000 exemplares do Guia do Estudante e de 25.000 exemplares da publicação Atualidades – Revista do Professor. Prazo: 45 dias. Valor: R$ 3.143.120,00. Data da assinatura: 10/06/2009.

Para não parecer perseguição à asquerosa revista Veja, cito alguns dados do blog sobre a compra de outras publicações. O Diário Oficial de 12 de maio passado informa que o governo José Serra comprou 5.449 assinaturas do jornal Folha de S.Paulo, que desde a “ditabranda” viu desabar sua credibilidade e perdeu assinantes. Valor da generosidade tucana: R$ 2.704.883,60. Já o DO de 15 de maio publica a compra de 5.449 assinaturas do jornalão oligárquico O Estado de S.Paulo por R$ 2.691.806,00. E o de 21 de maio informa a aquisição de 5.449 assinaturas da revista Época, da Globo, por R$ 1.190.061,60. Depois estes veículos criticam o “mensalão” no parlamento.

(Texto retirado do Blog do do Miro)

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Gênio...


(clique na imagem e amplie)

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Meu herói


Clicando na imagem, ela amplia. E se quiserem a fonte, tomem-lhes!(Confiram na seção "Licenciamento")

domingo, 13 de setembro de 2009

Original Style - notas domênicas

"Todas as famílias felizes se parecem, mas cada família infeliz é infeliz à sua maneira."
(abre-alas do romance Anna Kariênina, do escritor russo Liév Tolstoi)

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

E o Mestre deu uma tesoura na vida

Não, não passou batido nesta bodega eletrônica o falecimento do passista Francisco Nascimento Filho, o Nascimento do Passo. Nessa última quarta-feira (02/09/09), partiu dessa pra melhor aos 72 anos de muita ginga. Evoé!!!
Sobre ele:
"Nascido em 28 de dezembro de 1936, Francisco do Nascimento Filho amazonense de Benjamin Constan, chegou ao Recife como clandestino em 1949. Escondido nos porões do Navio Almirante Alexandrino. Nascimento foi engraxate, carregador de frate, durmiu em bancos de praça, até arrumar seu primeiro emprego numa casa, de um casal de Alemães, e alugou um quartinho numa pensão por ironia, atrás do clube vassourinhas do Recife, e daí se apaixonou pela dança. Muita gente, em Pernambuco trabalha em prol do frevo, seja investindo tempo, dinheiro ou energia, profissionalmente ou amadoristicamente. No entanto, ninguém "respira" e "transpira" frevo como o Nascimento do Passo, que durante cinco décadas, tem dedicado os seus 365 dias do ano à uma luta initerrupita e acirrada para remover o frevo dos parâmetros carnavalescos. As realizações de Nascimento para a história do frevo poderiam ser equiparadas ao legado de Martha Graham para a historia da dança Moderna. Visto que ambos são pioneiros que estabeleceram um método especifico de ensinamento de técnicas de danças distintas, mas que originalmente eram caracterizadas e valorizadas, quase que exclusivamente, pelos seus estilos livres e de improvisação.
Nascimento não foi apenas o primeiro passista qualificado brasileiro que mergulhou profissionalmente na arte de dançar e ensinar o passo. Foi ele quem primeiro fundou uma Escola de frevo e um método de ensinamento da arte que é dançar o frevo, pois logo compreendeu que a espontaneidade, versatilidade, e musicalidade do passista qualificado depende da aquisição da técnica corporal específica da dança do frevo. A história demonstra que nascimento sempre esteve vivendo além do seu tempo, e por isso mesmo, têm levado à reboque e com muita garra, todos os que desacreditam nos seus ideais à favor do desenvolvimento e valorização do frevo pernambucano."
(retirado do site do Seminário Internacional de Dança de Brasília)

Matéria sobre o enterro:

Bom final de semana!

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Saiu o regimento da I Conferência Nacional de Comunicação!

Povo desse Brasil, hoje foi publicado no Diário Oficial da União o regimento da I Conferência Nacional de Comunicação, que acontecerá entre os dias 1 e 3 de dezembro. Na íntegra aqui!
Se liguem, pois o acontecimento pode ser um marco na nossa história...

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Que oposição, hein?!

Já que a cachorrada está lançada, com a grande mídia nacional acunhando no governo federal ao menor factóide (já não basta um Ministério das Comunicações do PMDB?!), o Dr.E. repassa duas informações recebidas hoje pela manhã - e quase no mesmo instante! - que mostram não haver santo na atual conjuntura política nacional...

A primeira foi retirada do livro O Brasil é um sonho (que realizaremos)(FAPERJ – Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro), de César Benjamim. Eis os números que o bicho apresenta:
Das 3.315 concessões de emissoras de rádios e TVs no Brasil (até a data em que o livro foi escrito):
- 1.220 (37,5% do total) foram dadas a políticos do PFL, (atualmenteDemocratas ou DEM);
- 497 (17,5% do total), a políticos do PMDB;
- 414 (12,%%), a políticos do PPB;
- 215 (6,5%), a políticos do PSDB.

Juntos, esses imperadores da comunicação e do poder controlam 75% das emissoras, ou seja, quase tudo o que vemos e ouvimos.

A segunda, encaminhada pelo nosso gordinho, o músico Berna Vieira, uma matéria publicada no Conversa Afiada, o blog do jornalista Paulo Henrique Amorim:
Empresa americana vai assessorar tucanos na CPI da Petrobrás. Como é que é?

O negócio tá difici...

domingo, 30 de agosto de 2009

Lógica da invenção - notas domênicas

"Como você valora o trabalho de um programador, como você sabe que uma proposta criativa vale mais que outra? É muito complicado isso e há uma série de dificuldades para o capital trabalhar com a lógica do trabalho imaterial, mas a mais difícil de todas talvez é que ele não sofre com as restrições de outros bens, não tem escassez e nem desgaste no uso. A questão é eu multiplicar um software, uma música, o custo de eu multiplicar isso para mil ou milhões é similar. O custo marginal da cópia é zero, se resume ao custo do suporte ou do tempo de cópia. É uma outra realidade, isso muda completamente o cenário. Portanto, como ressalta o economista americano Steven Weber, o bem imaterial é chamado de não-rival, ou seja, se eu passo uma cópia desse software pra milhares de pessoas, todas podem usar ao mesmo tempo. Mas o bem imaterial não é só não-rival, é anti-rival, pois é melhor compartilhar porque quanto mais compartilho, mais ele cresce. É o contrário do pneu de carro que quanto mais uso, mais desgaste tenho. Se eu codifico informações e repasso pra centenas de pessoas, a possibilidade de ele melhorar é muito maior do que se ele ficar só comigo. Compartilhar na rede é mais eficiente do que guardar ou competir. Isso coloca em questão a idéia de eficiência na rede e a dificuldade do capitalismo industrial. A lógica da repetição já foi alterada para a lógica da invenção, vale mais ser capaz de inventar do que de reproduzir. Isso, em um ambiente de rede, com compartilhamento de bens imateriais, é mais eficiente do que o bloqueio. A pergunta é: isso vai alterar a lógica de reprodução do capital? Não sei a resposta, porque o capitalismo tanto pode incorporar isso quanto essa lógica pode arrebentar seu núcleo fundamental. É por isso que indústrias como as do copyright atuam de forma tão contundente mundo afora, porque acreditam que, com a força do Estado, vão conseguir inverter essa situação. Estamos vivendo um grande embate entre as forças que apostam no compartilhamento dos bens imateriais e aqueles que querem manter o processo de apropriação privada."
(trecho de uma entrevista de Ségio Amadeu para a Revista Fórum - para ler na íntegra, clique aqui!)

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

"A galega que oxigenou o mundo"

Pra dar uma trégua na aridez em que anda esse blog:



Segundo o cronista Xico Sá, a galega que oxigenou o mundo...
E bom final de semana a todos!

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Access to knowledge - sobre direito autoral

O Dr.E. em seu serviço de utilidade pública disponibiliza mais um bom endereço na rede, o a2k, site da Fundação Getúlio Vargas que trata do espinhoso tema do direito autoral (ficará disponível também na seção Estranhos rizomas). Conforme a própria página se define: "O A2K Brasil é um projeto do Centro de Tecnologia e Sociedade da FGV DIREITO RIO, que busca incentivar uma discussão democrática sobre propriedade intelectual, com destaque a acesso a conhecimento (A2K ou access to knowledge) e limitações e exceções aos direitos autorais, de modo a trazer um equilíbrio entre a proteção a direitos autorais e o acesso a conhecimento. O projeto visa a proteger as liberdades civis e conscientizar a população sobre seus direitos, através do equilíbrio entre o interesse privado e o interesse público.
Em parceria com o Ministério da Cultura, o projeto A2K tem como objetivo elaborar uma proposta para alteração da lei de direitos autorais a fim de implementar certas flexibilidades autorizadas por tratados e convenções internacionais. O objetivo é promover maior acesso a conhecimento, incluindo, mas não limitado a, material educacional, científico e de pesquisa."

Abusem...

domingo, 23 de agosto de 2009

"Mais fortes são os poderes do povo!" - notas domênicas

"Quando o governo 'facilita as coisas' para as grandes empresas em nome do povo, ou quando as multinacionais fantasiam seu interesse comercial em nome da cultura, cabe ao povo mostrar até que ponto está disposto a tolerar o poder incontrolável das grandes empresas. Quando outros meios democráticos são ineficazes, são as pessoas que têm o poder coletivo de resistir."
Uma derradeira da Chin-Tao Wu no seu Privatização da Cultura.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Mordeno e assoprano

Seguem duas dicas de leituras pro final de semana:
- Vozes da Democracia, contra-informação sobre o quarto poder brasileiro (capa ao lado);

- Enter, antologia de escritores brazucas que usam a web como suporte para seus textos - a seleta foi organizada pela Heloísa Buarque de Hollanda.

Tudo no precinho do ar que você respira, o custo de um clique. Aproveitem!

Ps.: ficou bonitapracarái a Eita! - volume 2, revista publicada pela Prefeitura da Cidade do Recife, que foi lançada ontem na velha Mauricéia. Ainda não está on-line (quem quiser o volume 1 em formato digital é só clicar aqui!), acha-se em bancas e livrarias da capital pernambucana.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Coelho copyleft!

Falem mau dele agora: Paulo Coelho declara apoio a documento que pede a liberação do compartilhamento!
Já fez mais pelo mundo do que boa parte da literatura brasileira publicada...

domingo, 16 de agosto de 2009

Diz, Artista! - notas domênicas

"Se renunciar à 'Arte' é difícil para alguns, é por que talvez ainda não se tenha entendido que a entrega à vida (ou à 'realidade', como alguns preferem chamar) não significa a nulificação do estético.
Muito pelo contrário, o 'artista' aqui é o pensador, o criador de estratégias de ação, o arquiteto de atos que vão reverberar - a intensidade desta reverberação é claro que dependerá dos meios, finalidade e impactos planejados - nesta mesma 'realidade'. Daí então a importância do conceito, desta mesma herança conceitual de que parte da arte brasileira é tão rica, e que tem sido esquecida faz tempo.
Ações pontuais e absolutamente despretensiosas, como a mudança do nome da avenida Roberto Marinho para avenida Vladimir Herzog, pelo Centro de Mídia Independente, em São Paulo, no ano passado, podem não passar por 'Arte' nos cânones vigentes, mas seu poder simbólico é tal que serve para inspirar mais táticas conceituais que desmantelem o arcabouço mental dominante.
Se a arte conceitual tradicional transformou em 'Arte' a rua e os elementos incompatíveis, temporários e cotidianos, atualmente o sentido não é transformar esses lugares e coisas em 'Arte', mas diluir-se 'com arte' neles, ressignificando-os, ressimbolizando-os, efetuando uma transformação subjetiva ou real, semiótica, mitopoética, social ou ritual."

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"Tentativas de trabalhar com comunidades desfavorecidas podem ter diversas nuances possíveis de abordagem, e nisso muito do que é chamado lá fora de 'community art' ou 'new genre public art' pode ter algo a informar. O risco de uma visão simplificada como 'trabalho de ONG' é algo que se corre, mas nada que uma estratégia conceitual bem arquitetada ou uma 'criatividade de artista' não possa solucionar."

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"Brasileiros costumam às vezes ser muito auto-centrados, muito voltados para si mesmos. Em que pese certa elite ser excessivamente internacionalizada ou eurocêntrica, como boa parte do meio acadêmico, grupos mais à margem costumam manter certa distância ou desconhecimento intencional das ações de grupos de fora."

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Trechos do artigo Notas sobre o coletivismo artístico no Brasil, de Ricardo Rosas. Para lê-lo na íntegra, basta clicar aqui!

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Blogosfera de luto

Hoje o blog Biscoito Fino e a Massa, do professor Idelber Avelar, encerrou suas atividades na rede. Uma pena, menos um espaço de contra-informação na web...
Pra compensar a falta, o Dr.E. disponibiliza a partir de hoje 3 novos endereços eletrônicos mais voltados para política que ficarão sempre a disposição na seção Estranhos rizomas desta bodega:
1) Revista Fórum, onde o próprio Idelber mantém uma coluna;
2) Agência Carta Maior, site velho conhecido por essas bandas;
3) Rede Brasil Atual, site que conta com o apoio de inúmeros órgãos e entidades, entre eles, o Dieese (Departamento Intersindical de Estudo e Estatísticas Socioeconômicas), Idec (Instituto de Defesa do Consumidor), Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), Oboré, Greenpeace, Instituto Socioambiental, Agência Carta Maior, Revista Caros Amigos e Observatório Social.

domingo, 9 de agosto de 2009

"Arte é sexy!" - notas domênicas

"Ser visto como patrono das artes é parte de um estilo de vida distinto exigido e sancionado no interior desse estrato 'sofisticado' da sociedade. O exercício da alta cultura tornou-se uma parte cada vez mais importante da atividade social: é principalmente nos eventos artísticos exclusivos que a elite empresarial e política se reúne e se reconhece. Não é surpresa que os nomes dos executivos estejam sempre associados ao patrocínio das artes nas reportagens da mídia. Sem meias palavras, há um grão de verdade no comentário cínico de Thomas Hoving: 'Arte é sexy! Arte é dinheiro-sexy! Arte é dinheiro-sexy-ascenção-social-fantástica!'"
Da taiwanesa Chin-Tao Wu (foto ao lado) em Privatização da Cultura.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Por uma nova mídia nacional

E para terminar essa semana dedicada a I Conferência Nacional de Comunicação, segue um ótimo texto sobre o tema do professor Emir Sader:

A crise da mídia e a democracia
Por Emir Sader

A inquestionável crise da mídia brasileira se choca com um processo de maior democratização da sociedade brasileira o que, por si só, deveria levar a pensar o caráter tanto da imprensa no Brasil, quanto da própria democracia entre nós.

O que está em crise é a forma de produzir notícias, a forma de construção da opinião pública. Seria grave se a dimensão da crise que afeta a mídia refletisse, nas mesmas dimensões, a democracia no Brasil. Ao ler alguns órgãos da imprensa, pode-se ter a impressão que a democracia retrocede e não avança entre nós, que estamos à beira de uma ditadura, ao invés de um processo – lento, mas claro – de democratização da sociedade brasileira.

Cada classe social toma sua decadência como a decadência de toda a sociedade, quando não de toda a humanidade. Neste caso, é uma casta que controlou a formação da opinião pública, de forma monopólica e que, com isso, se considerou depositária dos interesses do país. Derrubou a Getúlio, contribuiu decisivamente para o golpe militar de 1964 e para o apoio a este, uma parte dela tentou desconhecer a campanha pelas eleições diretas, tentou impedir a vitória de Brizola nas primeiras eleições diretas para governador do Rio de Janeiro, apoiou a Collor, esteve a favor de FHC, a ponto de desconhecer a evidente corrupção presente nos escândalos processos de privatização, na compra de votos para a reeleição, entre tantos outros casos. Agora, se coloca, em bloco, contra o governo Lula, o de maior popularidade na história do Brasil, chocando-se assim flagrantemente com a opinião do povo brasileiro.

A mídia tradicional está em crise, a democracia brasileira, não. Porque se amplia significativamente o circulo de produção de opinião, de difusão de noticias, se democratiza a informação e os que são afetados pelo enfraquecimento do seu monopólio oligárquico – em que umas poucas famílias controlavam a mídia – esbravejam. Tentam impedir a realização da Conferência Nacional de Comunicação, convocada para novembro, porque detestam que se debata o tema da democracia e a mídia.

A crise do poder legislativo é parte do velho poder oligárquico, que sobreviveu na passagem da ditadura à democracia, que se vale do fisiologismo para vender seu apoio aos governos de turno. Não por acaso os mesmos personagens envolvidos nas acusações atuais no Congresso apoiariam ao governo FHC e, com o beneplácito da mídia, foram poupados das acusações agora dirigidas contra eles, na tentativa de enfraquecer a base de apoio parlamentar do governo. Enquanto o Brasil se torna mais democrático, com a promoção social de dezenas de milhões de famílias, a estrutura parlamentar reflete o velho mundo oligárquico, similar ao da propriedade da mídia privada.

No momento em que o Brasil precisa de uma nova mídia, uma nova forma de difundir notícias, de promover o debate econômico, político, cultural, a velha mídia resiste em morrer, em dar lugar à democratização que o Brasil precisa. Sabem que a continuidade do governo atual e o aprofundamento dos processos de saída do modelo herdado do governo FHC sepultarão toda uma geração de políticos opositores – derrotados pelas urnas e/ou pela senilidade. Daí seu desespero na luta contra o governo – que conta com 6% de rejeição a Lula, contra 80% de apoio.

A crise da mídia é outro reflexo do velho mundo que desmorona, para dar lugar à construção de um Brasil para todos e não para as elites minoritárias que historicamente o dirigiram.

(texto retirado do site Carta Maior)

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Libres! (em cima da hora!)

Começa hoje pela manhã na Torre Malakoff no Recife o Libres, evento multimídia de arte e tecnologia que contará com a participação de artistas e desenvolvedores nacionais e internacionais. Na função serão realizados debates, desconferências, oficinas e performances. Para mais infos é só clicar no nome do evento escrito acima ou na imagem ao lado. Apareçam que vale a pena!

Ainda I Confecom: primeiro relato da reunião Governo/empresários

Os ministros Hélio Costa e Franklin Martins, em entrevista coletiva no Ministério das Comunicações, hoje à tarde (05/08), confirmaram a realização da Confecom conforme decreto do presidente Lula, para os dias 1º, 2 e 3 de dezembro. O José Torves, representando o FNDC e a Fenaj, participou da coletiva e traz o seguinte relato:

- o governo reapresentou, em reunião anterior à coletiva, na tarde desta quarta-feira, com os empresários das comunicações, a proposta de participação para as votações dentro da comissão organizadora da conferência na proporção 40/40/20 – sendo empresários, movimentos sociais e governo, respectivamente.

Os empresários estudarão a proposta e responderão na próxima reunião agendada no Minicom, na próxima quinta-feira, dia 13;

- o governo chamará reunião com os movimentos sociais antes do dia 13;

- o governo reafirmou que fará todo o esforço para que os empresários participem da Confecom, que tem realização garantida.

- o governo fará todo o esforço para garantir a verba integral (R$ 8 milhões) para a realização da Confecom – Hélio Costa disse que considera ser esse um problema secundário, “o importante é superar o impasse político” criado com empresários e movimentos sociais.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Dulci: Conferência de Comunicação acontece mesmo sem setor empresarial

Leia abaixo entrevista produzida por Lúcia Rodrigues, da revista Caros Amigos:

O ministro chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Luiz Dulci, afirmou ontem em São Paulo, que a 1ª Conferência Nacional de Comunicação será realizada na data prevista, de 01 a 03 de dezembro, mesmo que o setor empresarial se retire das discussões. Para ele, a Conferência não perde legitimidade por não ter em seu fórum os empresários. Apenas a abrangência será mais restrita.
O ministro conversou com a reportagem de Caros Amigos durante o seminário internacional que discutiu a crise e as estratégias sindicais, promovido pela CUT (Central Única dos Trabalhadores), em que participou na qualidade de conferencista. O evento antecedeu a abertura oficial do 10º congresso da entidade, que está marcada para ocorrer hoje, 04, a partir das 19h30, no Expo Center Norte, na capital paulista.
Além da Conferência de Comunicação, o ministro também falou a Caros Amigos sobre a redução da taxa de juros e do spread (diferença entre os juros que são cobrados pelo banco ao tomador do empréstimo e o valor que é pago ao emprestador dos recursos ao banco) bancário e sobre reforma tributária.
Confira a seguir os principais trechos da entrevista com Luiz Dulci.
Caros Amigos – O senhor acredita que a Conferência de Comunicação vai ocorrer na data prevista?
Luiz Dulci – Vai. Não há nenhuma possibilidade de não ocorrer a Conferência de Comunicação, da mesma forma que a de Educação. Todas as conferências vão ocorrer.
Caros Amigos – Na data definida?
Luiz Dulci – Na data definida. O esforço é para que o empresariado também participe. Os movimentos populares sabem que a participação do empresariado é importante. A conferência ocorrerá do mesmo jeito, se os empresários se afastarem. Mas será diferente.
Caros Amigos – O senhor considera que perde a legitimidade?
Luiz Dulci – Não. Não perde a legitimidade, mas perde a abrangência. É muito importante esse debate e essa reflexão conjunta, com um setor que está passando por uma tremenda transformação, no universo da digitalização.
Por isso, é importante que ocorra uma discussão conjunta, porque depois vamos ter de aprovar novas leis no Congresso Nacional. Se o setor empresarial se afastar, a Conferência será feita com quem quiser, mas acho que isso não é bom nem para a Conferência, nem para o próprio setor empresarial.
Caros Amigos – O senhor acredita que os empresários se retiram do fórum?
Luiz Dulci – Espero que permaneçam.

E a reunião ficou p/ hoje... (ainda I Confecom)

Ministros e empresários se reunirão para debater realização da Confecom (29/07/2009)
Redação Portal Imprensa
O ministro das Comunicações Hélio Costa realizará, no próximo dia cinco de agosto, reunião com setores do empresariado para debater a realização da Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), prevista para dezembro deste ano. Além do chefe da pasta das Comunicações, estão confirmadas as presenças do ministro Franklin Martins, da Secretaria de Comunicação e Luis Dulci, da Secretaria Geral.
Um dos principais objetivos do encontro será debater os entraves à realização da Conferência. Segundo Costa, as associações participantes da Confecom devem sugerir as pautas imprescindíveis de discussão nas reuniões com o Ministério.
Na avaliação de Costa, o maior impasse para a organização da Conferência está na falta de recursos. O ministro deve se encontrar com o presidente Lula, ainda esta semana, para debater o tema. Costa ainda descarta possível boicote de setores empresariais ao evento de dezembro.


(Se ligaí, é bom ficarmos de olho...)

Para se inteirar sobre a I Conferência Nacional de Comunicação

Dando sequência aos posts sobre a I Conferência Nacional de Comunicação, hoje publicarei uma série de matérias sobre o evento. A presente data é importante pois está prevista uma reunião entre as associações representativas do empresariado de telecomunicações e comunicações com os três ministros diretamente envolvidos na organização da Conferência: Hélio Costa (Ministro das Comunicações), Franklin Marins (secretaria de comunicação) e Luis Dulci (secretaria geral).

Com boicote empresarial, reunião da Comissão Organizadora da Confecom é adiada (28/07/2009)
Redação FENAJ - Federação Nacional dos Jornalistas

Prevista para esta terça-feira (28/7), novamente a reunião da Comissão Organizadora da Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) não foi realizada e teve de ser adiada. Na reunião realizada na quarta-feira passada (22), os representantes dos empresários não compareceram. Os segmentos empresariais entregaram uma carta com propostas ao ministro das Comunicações, Hélio Costa. Circulam informações de que os empresários pretendem boicotar o processo da Conferência por considerá-la nociva aos seus interesses.
José Carlos Torves, um dos representantes da FENAJ na Comissão Organizadora Nacional, conta que a reunião agendada para esta terça feita foi simplesmente suspensa. “Ligamos para o Ministério das Comunicações e nos informaram que a reunião estava suspensa por falta de agenda”, conta. Torves acredita que o adiamento se deve a novas tentativas que o governo deve estar fazendo para que os empresários não se afastem do processo.
Segundo informações extra-oficiais, a pauta de reivindicações subscrita por representantes das entidades empresariais de radiodifusão, telecomunicações, mídias impressas, internet e TV por assinatura (Abert, Abra, Abranet, Abrafix, Telebrasil, ABTA, ANJ e Aner) inclui quórum qualificado para eleição de delegados do setor e a definição da pauta da Conferência voltada para temas futuros. Tais segmentos recusam-se a discutir a revisão do marco regulatório e política de concessões, preferindo debater questões principalmente ligadas às novas tecnologias, como internet e TV Digital, e seus impactos no mercado de comunicação brasileiro.
Com o impasse provocado pelo boicote empresarial, prossegue a expectativa quanto à definição do Regimento Interno da Confecom. Tal definição é fundamental para que o processo deslanche em suas etapas estaduais e municipais. O calendário aprovado anteriormente pela Comissão Organizadora Nacional teve uma alteração na reunião do dia 22, com a possibilidade da realização de Conferências Municipais até 11 de setembro. O prazo para as Conferências Estaduais vai até 31 de outubro, entrega dos relatórios estaduais e confecção dos cadernos da 1ª Confecom até 1º de dezembro, a realização da etapa nacional de 1º a 3 de dezembro, em Brasília, e publicação dos relatórios e resultados da 1ª Confecom em fevereiro de 2010.
Mobilização
Independentemente das definições oficiais, várias iniciativas pró-Confecom estão programadas. A Prefeitura de Fortaleza promove, de 31 de julho a 2 de agosto, o Seminário de Formação para a 1ª Conferência Municipal de Comunicação. O evento contará com a participação de diversos palestrantes de expressão nacional e pretende qualificar técnica e conceitualmente militantes e ativistas para contribuírem com o fortalecimento da Comissão Estadual Pró-Conferência de Comunicação. As inscrições podem ser realizadas por intermédio do Portal da Prefeitura de Fortaleza: www.fortaleza.ce.gov.br.
Em São Paulo, a Comissão Pró-Conferência de Comunicação realiza no dia 1º de agosto uma Pré-Conferência como parte do processo de mobilização e construção de sua etapa estadual. O encontro será no Sindicato dos Engenheiros de São Paulo (Rua Genebra, n° 25, Centro, São Paulo), a partir das 9 horas.
Em Santa Catarina, um ato público pró-Conferência será realizado no Plenarinho da Assembleia Legislativa (Rua Jorge Luz Fontes, nº 310), em Florianópolis. Foram convidados para o evento parlamentares das bancadas estaduais e federais. O objetivo, além de aprofundar o debate sobre as políticas públicas de comunicação, é acelerar o processo de convocação da Conferência Estadual.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Sobre a I Conferência Nacional de Comunicação

Em um post da semana passada, prometi comentar mais sobre a I Conferência Nacional de Comunicação, evento que está previsto para o começo de dezembro deste ano. Pois bem, passo agora algumas informações básica sobre a conferência, através de um mix que fiz de textos retirados do Blog do Sérgio Amadeu e do próprio site da Comissão Nacional Pró-Conferência de Comunicação (quem se dispuser a mais informações, acione-os!), e também de um vídeo informativo disponibilizado no Youtube. Segue:

Durante o Fórum Social Mundial realizado no final de janeiro, em Belém, o presidente Lula defendeu a idéia de uma Conferência Nacional de Comunicação. Reivindicação que surgiu em 2007, a Conferência é defendida pelas Comissões de Direitos Humanos e Minorias e de Ciência e Tecnologia, bem como, por diversas entidades da sociedade civil.

A nota oficial da Comissão Pró-Conferência Nacional de Comunicação defende que seus objetivos sejam os seguintes:

1. Identificar os principais desafios relativos ao setor da comunicação no Brasil.
2. Fazer um balanço das ações do poder público na área.
3. Propor diretrizes para as políticas públicas de comunicação.
4. Apontar prioridades de ações governamentais dentro destas diretrizes.

De acordo com o Decreto Presidencial publicado no dia 16 de abril de 2009, a I Conferência Nacional de Comunicação terá como tema “Comunicação: meios para a construção de direitos e de cidadania na era digital” e será realizada nos dias 01, 02 e 03 de dezembro de 2009.

Ela será presidida pelo Ministério das Comunicações e contará com a colaboração direta da Secretaria Geral da Presidência e da Secretaria de Comunicação Social. Na Portaria 185, de 20 de abril de 2009, foram instituídos os órgãos do poder público e as instituições da sociedade civil que compõem a Comissão Organizadora, responsável por regular todos os aspectos da Conferência. Ela é composta por oito representantes do Executivo Federal, dezesseis representantes da sociedade civil, divididos entre entidades do movimento social (7) , organizações do setor privado-comercial (8) e mídia pública (1). Os trabalhos serão encaminhados por meio de três comissões internas: 1) Comissão de Logística; 2) Comissão de Metodologia e Sistematização; e 3) Comissão de Divulgação.


A hora é agora e vamo que vamo...

Pregão da Aurora

"Sorte no jogo,
Azar no amor!"
Gritou um, margem do Capibaribe, em sua verve proverbial, clichê adequadíssimo para o instante.
E na velha Mauristad, não tardou a surgir o primeiro mascate:
"Troco um pelo outro, quem vai?"

(retirado de diálogo na casa de Serginho Barbosa, o "reino da alegria")

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Lançamento oficial do Fórum da Cultura Digital Brasileira

Gentes, será amanhã (31/07) em São Paulo o lançamento oficial do Fórum da Cultura Digital Brasileira e da plataforma www.culturadigital.br (link também na seção Estranhos rizomas, aqui no lado direito da tela). O evento de lançamento ocorrerá durante o Festival Internacional de Linguagem Eletrônica, o FILE. Na ocasião rolará uma roda de conversa do Ministro da Cultura, Juca Ferreira, com blogueiros e produtores de mídias sociais. A partir das 15 horas, Juca, acompanhado do Secretário Executivo, Alfredo Manevy, do Secretário de Políticas Culturais, José Luis Herencia, e do Gerente de Cultura Digital, José Murilo Jr. debaterá a cultura digital e explicará o que o Ministério da Cultura pretende com a essa história. A conversação será transmitida ao vivo no endereço http://www.culturadigital.br/aovivo.

Ps.: Esse Fórum é um fato importante nesse momento de discussão sobre a I Conferência Nacional de Comunicação prevista pra ser realizada em dezembro deste ano - a Conferência (talvez o acontecimento mais relevante no ambiente da comunicação-cultura que irá ocorrer no país) já foi aqui mencionada no post anterior e dedicarei, quando tiver tempo, alguns comentário sobre ela em breve.

Ps.2: Eita!, e já que o tema é cultura digital, segue um alimento pro isprito:

Declaração da Independência do Ciberespaço
(John Perry Barlow)

Governos do Mundo Industrial, seus gigantes enfadonhos de carne e aço, eu venho do ciberespaço, o novo lar da Mente. Em nome do futuro, peço a vocês do passado para nos deixarem em paz. Vocês não são bem-vindos entre nós. Vocês não têm soberania onde nos juntamos.

Nós não temos governo eleito, nem estamos a fim de ter um, de modo que me dirijo a vocês sem maior autoridade do que aquela com a qual a liberdade ela mesma sempre fala. Eu declaro o espaço social global que estamos criando como sendo naturalmente independente das tiranias que vocês procuram impor a nós. Vocês não têm direito moral de nos dominar nem possuem quaisquer métodos de coação que nós tenhamos motivo verdadeiro para temer.

Governos derivam seus poderes justos do consentimento dos governados. Vocês nem solicitaram nem receberam o nosso. Nós não os convidamos. Vocês não nos conhecem, vocês não conhecem nosso mundo. O ciberespaço não repousa no interior das suas fronteiras. Não pensem que vocês podem construí-lo, como se fosse um projeto de construção pública. Vocês não podem. Ele é um ato da natureza e cresce sozinho com nossas ações coletivas.

Vocês não se comprometeram com nossa grande conversa coletiva, nem criaram a riqueza dos nossos mercados. Vocês não conhecem nossa cultura, nossa ética, ou nossos códigos não-escritos que já dão à nossa sociedade mais ordem do que poderia ser obtida por qualquer uma das suas imposições.

Vocês alegam que há problemas entre nós que vocês precisam resolver. Vocês usam essa alegação como uma desculpa para invadir nossas vizinhanças. Muitos desses problemas não existem. Onde há conflitos reais, onde há erros, nós os identificaremos e lidaremos com eles com nossos meios. Nós estamos formando nosso próprio Contrato Social. Esse governo surgirá de acordo com as condições do nosso mundo, não do seu. Nosso mundo é diferente.

(Leiam essa maravilha na íntegra aqui!)

terça-feira, 28 de julho de 2009

Da importância da I Conferência Nacional de Comunicação

Exemplos latino-americanos
Laurindo Lalo Leal Filho*

Uma equipe de reportagem do Canal 5 de Tegucigalpa foi expulsa do local onde cerca de três mil profissionais do ensino secundário de Honduras realizavam uma assembléia em defesa da ordem democrática. A emissora apóia o governo de fato incondicionalmente, fazendo parte da estrutura midiática de sustentação interna aos golpistas. Assim como os dois principais jornais do pais “El Heraldo” e “La Tribuna”.

Isso não é novidade na América Latina. Foi assim em todos os golpes de meados do século passado. No entanto, quando alguns supunham que esses tempos haviam passado, eis que acontece em pleno século 21, um golpe típico da região, com todos os ingredientes dos anteriores. Inclusive com apoio aberto e descarado da mídia.

Há evidências de que alguns governos do continente estão tomando medidas preventivas para que fatos como esse não se repitam em seus respectivos países. As ações têm se concentrado em duas frentes: o estabelecimento de marcos regulatórios capazes de impedir a concentração dos meios de comunicação e o estímulo ao surgimento e fortalecimento de veículos contra-hegemônicos, capazes de oferecer alternativas informativas e culturais às populações da região.

Sobre esse processo vale a pena ler o recém lançado livro "A Batalha da Mídia" (Pão e Rosas, Rio de Janeiro, 2009), do professor Dênis de Moraes. Ele traça um panorama atualizado dessa nova realidade latino-americana. Mostra, por exemplo, os esforços dos governos da Argentina e do Equador em atuar nas duas frentes acima citadas. Os argentinos ampliando os recursos para a radiodifusão estatal e colocando em debate uma nova legislação para o setor. Os equatorianos avançando mais rapidamente nesse último ponto, garantindo na Constituição, aprovada no ano passado, o direito de todos os cidadãos à “comunicação livre, equitativa, diversificada e includente (...) além do acesso universal às novas tecnologias de comunicação”.

Mais contundentes, no entanto, que o texto constitucional são as palavras do presidente Rafael Correa ao justificar as mudanças legais: “Há meios que supostamente cumprem a função de informar, mas quando dependem de grupos econômicos poderosos, o que fazem é dirigir a cidadania em função dos seus interesses. No Equador, das sete emissoras de televisão, cinco são propriedades de banqueiros. É preciso respeitar a liberdade de imprensa, mas não se pode permitir o abuso da informação por parte de meios mentirosos, corruptos e incompetentes”.

Além de ouvirem palavras quase inéditas da boca de um governante latino-americano, os equatorianos têm hoje instrumentos concretos de ação sobre os meios audiovisuais. O Conselho Nacional de Radiodifusão e Televisão (Conartel) estabeleceu regras para descentralizar o espectro televisivo e criou uma ouvidoria onde o público pode se manifestar sobre o conteúdo dos programas. Quando as queixas são julgadas procedentes, as emissoras são obrigadas a prestar esclarecimentos, sob pena de sofrerem sanções (no Brasil, política semelhante seria, como sempre, taxada de censura pela grande mídia, como ocorreu com o projeto de criação da Ancinav).

A Venezuela caminha na mesma direção. Apesar de todos os insultos recebidos diariamente através da mídia, o governo do presidente Hugo Chávez mantém absoluta liberdade de informação. Mas nem por isso deixou de tomar medidas legais no sentido de equilibrar os fluxos informativos no país, tendo como ponto de partida a Lei de Responsabilidade Social em Rádio e TV, conhecida como Lei Resorte, aprovada em dezembro de 2004. Ao mesmo tempo em que ampliou os serviços públicos de rádio e de televisão.

E na Bolívia, o governo ousou ao lançar o jornal Câmbio, um diário nacional para fazer frente à mídia golpista que apostou na fragmentação do país no ano passado. Investiu também na recuperação do Canal 7, a TV estatal e na emissora de rádio Pátria Nueva, seguidora da larga tradição combatente das rádios mineiras bolivianas.

No Brasil, avançamos menos. A grande mídia segue firme como porta voz dos interesses da classe dominante. A solitária e ainda pouco amadurecida experiência da TV Brasil é insuficiente como forma de contra-poder midiático. No âmbito legal, avançamos muito pouco.

O golpe em Honduras deve servir como alerta. E as iniciativas de Argentina, Venezuela, Bolívia e Equador como exemplo. São modelos a serem levados em conta imediatamente nos debates preparatórios que já estão sendo realizados para a Conferência Nacional de Comunicação, marcada para o início de dezembro. Transformados em políticas públicas eles se tornarão, sem dúvida, vacinas poderosas contra surtos golpistas.

PS. O governo do Uruguai acaba de anunciar o envio ao Congresso, nos próximos dias, de um projeto de lei para regulamentar a exibição de conteúdos na televisão, rádio e cinema. Será criada também a figura do ombudsman para mediar a relação entre o público e as empresas de comunicação. O projeto foi elaborado com a participação dos principais partidos políticos uruguaios.

*Laurindo Lalo Leal Filho, sociólogo e jornalista, é professor de Jornalismo da ECA-USP. É autor, entre outros, de “A TV sob controle – A resposta da sociedade ao poder da televisão” (Summus Editorial).

(texto retirado do site Carta Maior)