domingo, 1 de novembro de 2009

Quer que embrulhe? - notas domênicas

"A prática recombinante, para a indústria cultural, foi banida. Ela é banida a partir do momento que você precisa construir uma lógica mercantil da cultura. Então aquilo que é o estilo basicamente comunitário, comum de uma dada região. Para falar como surge o jazz, o que é preciso fazer? Você tem que começar a especializar os caras que tocam jazz, especializar cada um na sua função. Você precisa dar, cada vez mais, uma lógica de individualidade, de autoria. Você faz isso e a partir desse momento você pode começar a dizer que é importante para a cultura aquele fenômeno que é vinculado à genialidade, e essa genialidade se expressa basicamente numa coisa que é quase mística. 'Eu crio porque eu sou genial'. Eu não tenho nenhum contato com a cultura, ou esse contato é extremamente secundário. Isso acontece também na ciência, mas menos. É tipicamente das artes, porque as artes foram empacotadas e transformadas em mercadorias, e aí você precisa claramente criar uma figura que é acima da cultura, acima do comum, acima da produção coletiva. E essa figura é o autor, que é genial e que cria uma obra completamente original, sem precedentes. Então a indústria cultural está sempre atrás disso."
(trecho da entrevista de Sérgio Amadeu no livro culturadigital.br)

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