sexta-feira, 29 de junho de 2007

Eleição do Comitê Gestor da Internet no Brasil

Caros leitores,
publico abaixo um mail importante que recebi:

Olá pessoal!

Estamos precisando de ajuda nesse processo. A direita se articulando e nós não podemos deixar eles tomarem conta dessa questão, ainda mais com a lei do senador eduardo azeredo (psdb-mg) de controle da internet. Mando abaixo um texto que explica todo o processo.

A última novidade é que a Febraban ta financiando 80 entidades da sociedade civil e também para as vagas do setor empresarial. Se eles levarem essa eleição a discussão de controle da internet no Brasil ficará mais complexa para nós.

Espero que possam ajudar.
Everton

PRAZO PARA INSCRIÇÕES (de entidades) COLÉGIO ELEITORAL DO CGI.BR TERMINA DIA 3 DE JULHO

A Casa Civil homologou o calendário do processo eleitoral do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br ). Todos os representantes titulares atuais das entidades civis ("terceiro setor"), Gustavo Gindre, Marcelo Fernandes, Mário Teza e Carlos Afonso, são candidatos à reeleição -- eles acham que houve importantes conquistas desde 2003-2004 mas ainda há um trabalho importante a fazer para consolidar o CG como uma organização pluralista que siga garantindo os nomes de domínio brasileiros como um bem da comunidade e não uma mercadoria, e que o CGI.br permaneça como uma referência mundial de qualidade na governança da Internet.

Agora mesmo, depois de um processo prolongado, os representantes das entidades civis conseguiram que o CGI.br aprovasse critérios para projetos externos (apresentados por entidades civis, pesquisadores etc) que o CGI.br possa apoiar. Espera-se que ainda este ano seja publicado um primeiro edital de chamada de projetos. Mas há muito mais a fazer.

A Internet possibilita que muitos cidadãos possam ter acesso a informações, educação, cidadania, cultura e comunicação. A Internet é acessível ainda para uma minoria da população brasileira e ela não é livre nem neutra. Por isso é preciso que as entidades organizadas da sociedade acompanhem de perto as decisões relativas a Internet no Brasil e no mundo.

O Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) foi criado em 1995 para coordenar e integrar todas as iniciativas de serviços Internet no país, promovendo a qualidade técnica, a inovação e a disseminação dos serviços ofertados.

O CGI.br representa um modelo de governança na Internet pioneiro, com base nos princípios de transparência e democracia. Isso, na prática, significa que a sociedade possui vagas no conselho. São 21 membros, sendo 9 representantes do Governo Federal, 4 representantes do setor empresarial, 4 representantes do terceiro setor, 3 representantes da comunidade científica e tecnológica e 1 representante de notório saber em assuntos de Internet.

As entidades civis devem inscrever-se no Colégio Eleitoral do CGI.br. O prazo já esta curto -- até 3 de julho – para essa inscrição. Desta vez não será exigido um certificado digital para ingressar no Colégio Eleitoral, para estimular que um número bem maior de entidades participe. Na primeira eleição, pouco mais de 50 ONGs se inscreveram, o que é muito pouco.

Importante: não é preciso indicar candidatos. A indicação de candidatos tem um prazo muito maior e os membros do Colégio Eleitoral não precisam indicar candidatos -- basta, na data de eleição, votar nos candidatos de sua preferência, segundo as regras eleitorais.

A inscrição é muito fácil: basta entrar no endereço https://registro.br/eleicoes-cg/cadastro/ e preencher o formulário para cadastrar a entidade. O requisito para as ONGs que tenham pelo menos dois (2) anos de registro formal como sociedade civil sem fins de lucro continua valendo.

Se tiver dificuldade para se cadastrar acesse o site abaixo para ler passo-a-passo:

Também até o dia 3 de julho é preciso que seja enviado a seguinte
documentação:

I - Cópia simples do CNPJ da Entidade;
II - Cópia simples do estatuto de formação da Entidade; III - Cópias simples das alterações estatutárias ocorridas até a data da publicação deste Edital; IV - Cópias simples da última ata de assembléia de eleição e da posse da diretoria; V Procuração, se necessário for, designando o Representante Legal da Entidade para fins deste processo eleitoral; e VI - Cópia do CPF e da Identidade do Representante Legal.

Importante: Nesse momento o Senador Eduardo Azeredo apresentou ao Congresso Nacional o Projeto de Lei anti-democrática de Controle da Internet no Brasil. A sociedade civil já se mobiliza exigindo debate e transparência no tema. Mais informações acesse:
http://www.safernet.org.br/petitioner/projeto_lei_azeredo/

Todas as informações sobre o processo eleitoral estão em http://www.cgi.br/eleicao2007/index.htm.

Mais detalhes sobre nossa campanha visite nossa página:
http://debatecomitegestor.softwarelivre.org

Inscreva-se já: https://registro.br/eleicoes-cg/cadastro/

Depois de cadastrar-se envie e-mail para Everton Rodrigues no email:
everton@softwarelivre.org

Saudações Livres,
Everton Rodrigues
Coordenação da Campanha para as vagas da Sociedade Civil ao CGiBr
ICQ: 342727323
Jabber: volverine@jabber.org
MSN: everton_volverine@hotmail.com
Skype: gnueverton

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Balanço junino



Em Pernambuco o remelexo do xote no São João foi assim:
A Secretaria de Defesa Social (SDS) divulgou ontem à tarde o balanço dos homicídios no São João. Das 18h da quinta-feira, às 6h de segunda-feira, foram contabilizados, oficialmente, 59 assassinatos no Estado.

Produção: Neoliberalismo & Barbárie

terça-feira, 26 de junho de 2007

Balanço semestral

É incrível, mas o primeiro semestre de 2007 já se foi e parece que o ano começou ontem. E começou com mais uma rodada no poder para o mesmo governo federal que, novamente, conta com minha cansada defesa frente aos deleites daqueles que não se entristecem com os desvãos da história - mas, confeso que meu cansaço aumenta a cada dia, tal como a inércia e as confusões da administração petista.

Entre os fatos e acontecimentos importantes ocorridos nestes 6 meses, me vem a cabeça no momento o caso bárbaro do menino João Hélio Fernandes aqui no Rio, os problemas com os operadores de vôos, a morte de Octavio Frias e agora o espancamento da doméstica Sirley Dias por jovens classe média na Barra da Tijuca sob alegação de que era prostituta(!) - se outras coisas relevantes me escapam, peço perdão pelo torto juízo. Deixando de lado a política e veredas maiores, na vida miúda o período foi de realizações, frustrações, dores, alegrias e de tantos outros pares antinômicos aos quais a existência teve direito (ou foi condenada). A falta de um canto com meus livros desencaixotados foi a agonia maior em meio a outras tristezas e felicidades substanciais. Eis um apanhado delas: defesa de tese, mesa de seminário (remunerado pela primeira vez!), carnaval no Rio, bolsa para orientar monografias num programa de educação à distância (a ôia!), as aulas na ong, Sport bi-campeão pernambucano, derrotas em São Januário e no Maracanã, aniversário no Cardosão, texto em revista, laptop, saudades de Recife, viagens (São Paulo, Araras, Ouro Preto), a entrega do velho apartamento, a falta do novo, a não resolução da documentação do carro vendido, Youtube, os shows do Lee Perry, da Nação Zumbi e do mundo livre, a falta dos exemplares definitivos da tese, Cartola - música para os olhos e Baixio das bestas, o artigo para um livro que não consigo fazer andar, São João na feira de São Cristóvão e, finalmente, o blog de onde sai esta prosa capenga. Ah!, e antes que ela e o semestre acabem, trago um último fato que foi a manchete de jornal com a qual me acordei hoje pela manhã:

Juiz nega a Cicarelli pedido de idenização do Youtube.

Com esta boa nova começo meu segundo semestre. Tá com pinta que será melhor...

domingo, 24 de junho de 2007

Irmão gêmeo - notas dominicais VII

"(o escritor) Mark Twain contou a um jornalista que tivera um irmão gêmeo, Bill, com quem se parecia tanto que ninguém podia distingui-los, a ponto de precisarem amarrar fitas coloridas nos pulsos dos dois para se saber quem era quem. Pois um dia os deixaram sozinhos na banheira e um deles se afogou. E como as fitas se haviam desamarrado, 'nunca se soube qual dos dois morrera, Bill ou eu', explicou Twain placidamente ao jornalista."

Ainda do livro A louca da casa, obra de Rosa Montero.

sexta-feira, 22 de junho de 2007

A música da moda


Pertencia a família nobre do velho Recife, bonita, físico privilegiado, classe média alta e muito interessante. Interessante a ponto de fazer com que todos os seus dotes não aliviassem em nada seus encaracolados e intermináveis conflitos.

Somente nas sextas-feiras, como no caso, seu espírito encontrava amparo. Nos últimos dois anos, era o dia da sua sessão de análise. Já há alguns meses suas consultas giravam quase sempre sobre o mesmo tema: a sua falta de apetite sexual. Certa vez, num de seus relatos, confidenciou ao analista que suas angústias aumentavam compulsivamente em ocasiões de festas onde os dj’s, como se soubessem da sua ferida, disparavam um sample do “Xote das meninas”, hype do momento. Ao som dos primeiros acordes, sentia como se a temperatura do seu corpo fugisse, suava frio, perdia o chão. Como invejava a personagem do Rei do Baião. Achava que para o seu caso sim, não haveria um só remédio em toda medicina...

Chegou na clínica e os ponteiros do relógio de parede batiam 18:00 horas. Ela como sempre britânica. Começou a aguardar sua vez lendo uma das tantas revistas de arte largadas na sala de espera. Os minutos avançavam e nada se alterava naquele ambiente tranquilo e introspectivo. Até que a secretária, bastante educada, surgiu com a triste notícia:
- Senhorita Carmem...
- Pois não?
- O Dr. acabou de ligar pedindo para lhe avisar que não poderá atendê-la porque está de cama com uma gripe muito forte. Ele lhe pede mil desculpas.

Uma face melancólica lhe desenhou o rosto. Sexta-feira sem análise era pior do que chegar na livraria e saber que o único exemplar do livro reservado tinha sido vendido a outro comprador. Ainda mais naquela sexta que, por azar ou sina, era véspera de São João. Ela não teria como escapar: a velha vila maurícia iria ferver em festas que tocariam, repetidas vezes, a música da moda...

quinta-feira, 21 de junho de 2007

São, São Paulo meu amor

A verdade é que me fazes sentir o mais covarde dos homens. Sim, giganta dos desvarios gris, muito bem sei que isso é problema exclusivamente meu, espécie de para-raios das incertezas do mundo e ainda atravessado pelo amor de Mauricéia. Confidencio que contigo a esqueço, pior, esmoreço engabelado por tuas noites, tuas conversas, por teus desprendimentos e tuas bancas modernas. Por que não te assumo? Ora, inverto é a sentença: o que queres tu de mim? Eu que sou apenas um frouxo cafuçu...

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Estive em São Paulo no último final de semana e muito me impressionou a quantidade de colunistas cariocas escrevendo nos grande jornais da cidade. Já no Rio na terça-feira, ao ler meio por acaso (em geral, só faço nos finais de semana) um desses periódicos, encontrei essa coluna fina da Cecília Giannetti que transcrevo abaixo:

De mudança

QUANDO SÃO Paulo me rouba um amigo, engulo em seco e minto: não é o fim da picada, vamos nos visitar. Aí São Paulo -gigante, esperta, não dá pra brigar com ela- vai e me rouba outro. Ameaça carregar mais.

Ultrapassa qualquer lugar do Brasil nesse esporte cruel de tragar filhos do balneariozinho macabro de onde teclo, de levar embora quem me torna suportável o exercício diário de encarar as mesmas calçadas esburacadas.
O abominável excesso de adjetivos hoje não é tentativa de vingança contra São Paulo: é reação que não posso evitar quando essa cidade adota mais um dos meus. Cuspo adjetivos, advérbios; melhor do que chorar, verbo copioso.
Autodestrutiva, uso até o ponto-e-vírgula, coisa que Kurt Vonnegut enquadrava como crime.
Brasília até hoje só me levou um amigo (tinha ambição de diplomata, fazer o quê, prendê-lo ao pé da mesa?), contra a legião que migra para SP agora no que me parece uma revoada. Meus anjos todos se mandando daqui.

Marketing, tecnologia, assessorias, bons salários. Empregos! Nenhum desses ex-cariocas que conheço mudou-se por amor. Nenhum deles conheceu uma moça ("os cornos da Audrey Hepburn") num centro cultural da Paulista e ficou. Fala mais alto a primeira necessidade, apelido do dinheiro, que não é chique mencionar. Quem pode culpá-los? Não os cariocas.

São Paulo atrai com tudo o que o Rio de Janeiro não tem mais desde que começou a deixar de ser mercado para se tornar quase exclusivamente balneário (macabro, macabríssimo), sem que essa transformação resultasse em grandes saltos positivos para o turismo local. Pelo contrário, a turistada também há de fugir.

Péra lá, aqui ficam poucos e bons. Mas até quando? Nem quero pensar nisso. Prefiro ser pega de surpresa, com a notícia chegando de longe, a 400 km de distância. À francesa: "Não vivo mais aí".

Sem festas de despedida, sem abraços, sem presentes, sem promessas. Vão pra Lôca, pro cinza, Cemitério de Automóveis, Mercearia São Pedro, cortes de cabelo assimétricos, inverno sério, digno de cachecol e sobretudo, vão.

Pra mim encerra-se a picuinha bairrista centenária: São Paulo, de fato, é melhor do que o Rio agora que vocês estão lá.
Os que sobramos na cidade fantasma reconhecemos meia dúzia de rostos e mais ninguém. Qualquer dia também fugiremos, vão arrumando o sofá pra gente dormir na sala.

Outros irão pro exterior, não lhes bastará distância pouca. Como se fosse necessário esvaziar um país inteiro para que ele se reconstrua sozinho. Não se pode culpá-los também. Talvez, num lance inédito da história mundial, o poder regenerativo do Brasil prescinda de pessoas para se pôr em ação.

Aos que partem, portanto, boa cidade nova. E um refrão do Antonio Cícero que a gente ouvia no rádio, na famigerada década de 80: "Você me abre seus braços/ e a gente faz um país".

terça-feira, 19 de junho de 2007

Infra-estrutura


Fim de tarde, bicicleta e ciclovia. Gávea-Leblon-Ipanema. O Rio de Janeiro continua lindo. Vou correr um conjugado para alugar no último bairro. Ao chegar no pilotis, identifico o sotaque do porteiro:
- Você é nordestino de onde? pergunto.
- Boqueirão. Conhece?
- Não tive a honra, só ouvi falar. Já fiquei em Campina.
Saio com destino a farmácia mais próxima. A caixa me atende com a mesma entonação:
- Mais alguma coisa, senhor?
- Só uma: de que cidade do Nordeste você é?
- Queimadas.
Pedalo o caminho de volta. E o Rio de Janeiro continua lindo...

domingo, 17 de junho de 2007

Colônia penal - notas dominicais VI


"A TERRA É A COLÔNIA PENAL DO UNIVERSO"


Frase punk-kafkiana de Amin Stepple, jornalista camisa 10 de Lirioboy - por sua vez igualmente escalado em minha víscera esquerda -, garimpada no blog Sopa de Tamanco - vale o confere!

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Oratória da faca*

Já que o mundo acabou lá pelos idos de 1978 (e foi com o lançamento do disco “The great rock’n roll swindle” dos Pistols!), nada mais é motivo de indignação ou entusiasmo. Salvo a hipocrisia, e claro, motivo de indignação. Mas vamos ao caso. Outro dia li uma nota numa coluna social de um respeitado jornal que me deixou meio puto e ao mesmo tempo curioso. A tal nota debochava da palestra intitulada “Como eu consegui” que será proferida pela modelo Ângela Bismarchi – sim! ela mesma, aquela campeã das intervenções plásticas, que foi casada com o cirurgião assassinado Ox Bismarchi e que é destaque habitué nos desfiles de escolas de samba durante o carnaval.
Considerar a beldade com suas 15 cirurgias uma espécie de condensado da loucura social contemporânea em torno da beleza, seria tão lugar comum que não caberia ocupar o leitor com tal obviedade. Mas daí ridicularizar a moça – o titulo da nota era “Ela conseguiu o quê?” - no mesmo espaço em que gasta tinta e papel exaltando feitos banais de celebridades – como botar e tirar uma mesa de almoço -, tenha santa paciência!
Por causa da nota, corri atrás de informações sobre a palestra e terminei conseguindo o telefone da própria Ângela. Aliás, palestra não, “relato-show”, que é como ela define sua incursão no mundo da oratória (depois da prosódia Armorial de Ariano Suassuna com sua “aula-espetáculo”, o que a impede de criar mais um binômio conceitual?!). “Será um trabalho para mostrar que a auto-estima, a beleza e a estética podem levar uma pessoa a mudar o seu estilo de vida”, resume ela ao telefone. E já tem três agendados! Para as cidades de Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro (ver box abaixo).
No seu “relato-show”, Bismarchi informa que irá interagir com público – inclusive levando pessoas para o palco - e exibirá num telão “imagens que retratam minha trajetória de sucesso”, avisa. Mostrará “como conseguiu”, como deixou sua vida de menina pobre suburbana - é de Casacadura, zona norte do Rio - para se transformar na “personalidade glamourosa das passarelas e avenidas carnavalescas”, conforme ela se define.
A modelo dará destaque as 15 plásticas pelas quais passou, pelos ajustes estéticos, como a “cirurgia da intimidade” (espécie de retoque nas partes íntimas, segundo ela), enfim, revelará “todo o processo que esculpiu meu corpo monumental e sobre a mudança de meu estilo de vestir e de viver”, sintetiza. Na parte final do evento, a platéia feminina ganhará um brinde especial: “Ângela Bismarchi na Intimidade”, um guia sensual elaborado pela palestrante com segredos “de como se cuidar com carinho para a vida amorosa e para a vida em geral”, informa o folder do “relato-show”.
Com quase 40 anos (tem um filho já com 15 anos), Bismarchi conta que continua trabalhando a todo vapor, seja fazendo foto ou desfilando. Sobre sua forma e a importância da estética para a vida das pessoas, ela diz: “Mesmo agora eu não me troco por nenhuma menina de 18 e 19 anos não. É um conquista! Até hoje eu continuo malhando, ficando bonita, eu quero chegar com uma certa idade com uma cabeça legal, com um corpo saudável... É isso que eu quero passar, porque tem muitas pessoas que vivem muito pra baixo... E hoje em dia até pra conseguir um emprego uma boa aparência tá contando. Eu tava vendo uma reportagem que as pessoas que tem boa aparência ganha melhor do que as que não tem! É engraçado porque num país desse... como é que pode isso?! É o Brasil que é aquela coisa de altos e baixos, né?! É isso que eu vou passar nesse meu relato-show, eu vou fazer!”
Num mundo onde botar a mesa é mostrado como uma conquista, deixemos, por favor, a moça conseguir e se achar...

Onde:
Belo Horizonte - 1 de junho / Hotel San Diego - Av. Álvares Cabral, 1 181 - Lourdes.
São Paulo - 2 de junho / Lorena Hotel Internacional - Av. Rebouças, 955 - Jardins.
Rio de Janeiro - 4 de junho / Hotel Everest - Rua Prudente de Moraes, 1117 - Ipanema.

Preço:
R$ 60,00 por pessoa

*Texto publicado na revista Tpm (óia a ôia!), edição de Junho/07, com o título Extreme Makeover à brasileira. Agora nas bancas!

terça-feira, 12 de junho de 2007

Monstros imaginários


"Talvez a sensação de imortalidade que sentimos quando amamos seja uma intuição do nosso triunfo orgânico; ou talvez seja apenas um truque genético da espécie para nos induzir ao sexo e, portanto, à paternidade (os genes, coitadinhos, ainda não sabem nada de camisinhas e pílulas). Depois, os seres humanos, com essa nossa habilidade para complicar tudo, transformamos a pulsão elementar de sobrevivência no delírio da paixão. E a paixão geralmente não pare filhos, pare monstros imaginários. Ou, o que é a mesma coisa, imaginações monstruosas."

Mais um trecho do livro A louca da casa, obra da escritora espanhola Rosa Montero. Post-homenagem ao dia dos namorados. Aliás, a crônica que este arremedo de editor não foi capaz de escrever para esta data se encontra aqui: A SOLIDÃO NÃO VENDE CELULARES
Ah, velho Reginaldo... mais uma vez derrubastes este pobre miocárdio às avessas...

segunda-feira, 11 de junho de 2007

E a vida se fez de louca



Conheci Darwin neste final de semana. Ao lado da Igreja do Pilar, pediu-me 40 centavos pra comprar um cigarro. Convidei-o pra duas cervejas no botequim mais próximo dali. Com o copo na mão e contrariando os determinismos da teoria da evolução, ensinou-me: “Um homem sem história não vale nada”. Despediu-se com um terno abraço.

Segui meu caminho e, assim que dobrei a primeira esquina da antiga Vila Rica, encontrei com o Sol. Tava ganhando a vida tocando didgeridoo (instrumento australiano que possui a mesma frequência sonora da terra, segundo ele) nos bares da cidade. Lembrou do nosso possível encontro no Clube Vassourinhas em Olinda e reclamou da melancolia ouropretana. Desejou-me luz e boas vibrações.

Ao chegar em casa, pensei nos novos amigos:
um homem sem história... que não espere que ela se construa pela evolução da espécime, nem que tenha a regularidade contente dos raios solares, conforme me testemunhou o próprio Astro-rei.
Um homem sem história... que a faça ou a invente, ora pois! Aliás, se se permitir, a vida até faz isso por ele.

domingo, 10 de junho de 2007

Substância do mundo - notas dominicais V

"Para mim, a escrita é um caminho espiritual. As filosofias orientais preconizam uma coisa parecida: a superação dos limites mesquinhos do egocentrismo, a dissolução do eu na torrente comum dos outros. Só transcendendo a cegueira do individual podemos entrever a substância do mundo."

Rosa Montero em A louca da casa

domingo, 3 de junho de 2007

Peixes abissais - notas dominicais IV


"Já redigi muitos parágrafos, inúmeras páginas, incontáveis artigos enquanto estou passeando com meus cachorros, por exemplo: na minha cabeça vou deslocando as vírgulas, trocando um verbo por outro, afinando um adjetivo. Muitas vezes escrevo mentalmente a frase perfeita e volta e meia, se não anoto a tempo, ela me escapa da memória. Resmunguei e me desesperei muitíssimas vezes tentando recuperar aquelas palavras exatas que por um momento iluminaram o interior da minha cabeça e depois tornaram a mergulhar na escuridão. As palavras são como peixes abissais que só nos mostram um brilho de escamas em meio às águas pretas. Se elas se soltarem do anzol, o mais provável é que você não consiga pescá-las de novo. São manhosas as palavras, e rebeldes, e fugidias. Não gostam de ser domesticadas. Domar uma palavra (transformá-la em clichê) é acabar com ela."

Rosa Montero em "A louca da casa", leitura da semana.

sexta-feira, 1 de junho de 2007

Prosopopéia do desmantelo rouge

Logo após retirar a mão dele do seu peito, Rosa o olhou e, num tom de brincadeira que serviu apenas para ocultar o seu desprezo real, disse-lhe:
- Prometo que faremos um amor bem gostosinho quando aparecer o primeiro arco-íris sobre nossas cabeças.


Antúrio, desconsolado, riu. Isto porque conhecia como ninguém a região. Sabia que tal fenômeno da natureza ocorria muito raramente por aquelas bandas.

Poucos dias depois, como uma dádiva de Oxumaré, brotava no céu um vistoso arco-íris. De pé mais cedo, ele acordou a mulher e, munido de sua última esperança, apontou para a janela a fim de lhe mostrar a abóbada colorida. Rosa, ainda tonta pelo sono e pelo alarde do companheiro, fechou um olho para poder melhor observar com o outro: a presença das cores sobre um fundo azul era inegável. Sem se desesperar e com uma cara enjoada, fulminou:
- Com aquele tom de vermelho, eu não gosto!

No travo do que acabara de escutar, Antúrio foi tomar seu banho sem nada replicar. Debaixo d’água, um riso chocho lhe desenhou o rosto ao pensar que seria abusar demais dos deuses se pedisse a Xangô para da próxima vez caprichar no encarnado. Um encarnado que nem é do seu departamento.