"Já redigi muitos parágrafos, inúmeras páginas, incontáveis artigos enquanto estou passeando com meus cachorros, por exemplo: na minha cabeça vou deslocando as vírgulas, trocando um verbo por outro, afinando um adjetivo. Muitas vezes escrevo mentalmente a frase perfeita e volta e meia, se não anoto a tempo, ela me escapa da memória. Resmunguei e me desesperei muitíssimas vezes tentando recuperar aquelas palavras exatas que por um momento iluminaram o interior da minha cabeça e depois tornaram a mergulhar na escuridão. As palavras são como peixes abissais que só nos mostram um brilho de escamas em meio às águas pretas. Se elas se soltarem do anzol, o mais provável é que você não consiga pescá-las de novo. São manhosas as palavras, e rebeldes, e fugidias. Não gostam de ser domesticadas. Domar uma palavra (transformá-la em clichê) é acabar com ela."
Rosa Montero em "A louca da casa", leitura da semana.
domingo, 3 de junho de 2007
Peixes abissais - notas dominicais IV
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2 comentários:
ce sabe que isso acontece comigo? Ando com uma caneta e um bloquinho. As vezes em restaurantes ou butecos, anoto em guardanapo. Vc. e um poeta. Adoro o seu blog. Por que nao escreve todos os dias? Se gosta de cinema procure 'Water', o diretor e Deepa Mehta. Um dos filmes mais lindos de 2006,
san francisco,
muito me alegram suas visistas e comentário. volte sempre, quando quiser, a casa será sempre sua. por que não escrevo todos os dias? falta-me tempo e imaginação. vou levando como posso esse minifúndio de pixels e palavras...
grande abraço!
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