(pequeno exercício de prosa e ocasião inspirado num dos tantos diálogos com Minde, a quem poderia dedicá-lo, mas ela merece coisa muito melhor...)
Feriado prolongado de 12 de outubro. Tínhamos ido para o sítio de um amigo que ficava no agreste pernambucano - na verdade, no município de Gravatá. Éramos ao todo sete (e não é conta de mentiroso). Sentíamo-nos, sem a mínima modéstia, como príncipes da capital diante da comunidade local e um orgulho tolo e juvenil enganava nossas mentes.
Na primeira noite, sob o olhar distante de alguns caseiros, brincávamos de “jogo da verdade” regados a garrafas de aguardente. Um dos vasilhames, apressadamente vazio, servia como ponteiro. Ríamos bastante, falávamos alto e nos julgávamos felizes (de verdade).
Na manhã seguinte, eu sequer conseguia lembrar das verdades que tinha inventado. Senti-me nu, completamente despido. As verdades não estavam mais em mim - na verdade, acho que elas nunca estiveram. Apenas cheguei a recordar de um aceno sabiamente indiferente que ganhei, em meio a nossa balbúrdia, de um dos caseiros do sítio. Naquele instante, tal lembrança era tudo o que eu possuía. E, sinceramente, nada mais merecia...
Desdaquele sinal, juro, comecei a ter mais préstimo. De verdade.
quinta-feira, 11 de outubro de 2007
Verdade ou consequência
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Um comentário:
Cara, ce escreve MUITO BEM.
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