quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Troço de Elite

Tem início esta semana no reino da Guanabara o festival de cinema. E a vedete do evento, por motivos óbvios, é "Tropa de Elite". Como todos sabem, o filme foi parar nos camelôs antes de ser lançado e isto gerou milhões de discussões sobre o tema da pirataria. Não irei aqui repetir as polêmicas - e já tô achando demais ceder este espaço ao danado, dando-lhe mais uma contribuição publicitária (sim, porque as polêmicas serviram para isso!), mesmo que este minifúndio de pixels só tenha, se tanto, 17 leitores...
Porém, depois de escutar num debate que o que ocorreu com o filme foi um "estupro a obra", uma questão elementar me surgiu em meio ao terremoto de moralidades: o que deseja o diretor com a sua realização? Bom, se eu fosse um cineasta e a pergunta fosse dirigida a mim, responderia que diante do apartheid cultural vigente no Brasil, minha vontade seria a de que ela fosse vista (assim como desejo que meus textos sejam lidos, gracias meus 17 escudeiros!). E é o que vem acontecendo com o filme, pois ele está sendo assistido por milhares de espectadores. Mas eis que surge o argumento de que o diretor está perdendo rios de dinheiro com as cópias ilegais. Será? Alguém aqui acredita que o público que teve acesso a elas é o mesmo que frequenta as salas de cinema do país? Sinceramente, não creio. Parece-me fato que aqueles que tiveram o canal clandestino da obra são de origem mais pobre e que não têm, pela própria falta do "faz-me-rir", o costume de encher as bilheterias das casas do ramo.
Acho, sinceramente, que o diretor deveria se satisfazer com o fato de seu filme ter caído nas graças do grande público (grande público de verdade, não "grande público" de cinema!). Deveria sim se contentar em ter despertado o interesse de uma parcela significativa da população. A menos que não considere essa parcela como gente, o que é comum nesta plaga, onde produções cinematográficas e tantas outras coisas são restritas a tão poucos.

ps.: Mas, se numa suposta resposta a minha questão o diretor dissesse que seu interesse é ganhar dinheiro, ele deveria ao menos deixar uns royalties no universo em que filmou. Aqui é assim: filmar pobre pode, mas pobre ver filme não!

Um comentário:

Anônimo disse...

E-X-C-E-L-E-N-T-E! Sem comentarios...