terça-feira, 11 de setembro de 2007

Sobre História

O título deste post é o mesmo do livro da reprodução ao lado, trabalho do historiador Eric Hobsbawn, cuja leitura terminei esta semana. Para os que não são do ramo, desaconselho. Melhor conhecer o velho marxista inglês por outras frentes como, por exemplo, através do grandioso (em todos os sentidos) Era dos extremos - O breve século XX, obra para todos, tranquilíssima de ler (mesmo sendo volumosa, são 632 págs!).
Sobre História é uma reunião de artigos de Hobsbawn que trata de questões referentes a disciplina a qual ele dedicou toda sua vida. São textos sobre teorias e metodologias da História. É um livro mais técnico, pra iniciados e/ou acostumados com discussões teóricas da área. Quem tiver coragem, abrace-o, mas vem daí, do seu peso, o meu desencorajamento do início desse texto.
Ainda assim, tentemos, ora pois, roubar-lhe algo para este estranho blog. Allez...
Em vários artigos do livro, um tema parece se fazer sempre presente - peço perdão e auxílio aos amigos historiadores para comentá-lo e se eu estiver muito enganado, por favor, me corrijam. Um tema que diz respeito a ascensão de disciplinas e correntes historiográficas como a Antropologia, a Microhistória, a História das Mentalidades etc., em detrimento da Macrohistória com suas análises mais grandiosas, com abordagens mais sócio-econômicas e mais referentes aos modos de produção. Hobsbawn, como marxista, aproxima-se mais do segundo time, no entanto, não desmerece nem ignora a importância do primeiro. O historiador chama atenção apenas para que este não perca de vista que, por mais heterogêneos que somos (várias culturas etc. etc.), vivemos um mesmo mundo, fato que sempre se revela em percalços como uma crise imobiliária nos EUA que pode afetar a vida de milhões de miseráveis no planeta ou como a ameaça eminente do fim do petróleo (é incrível como interesse Ocidental sobre o ouro negro globaliza de automóveis a homens-bombas!). E isso tudo não é aleatório. Uma velha senhora parece sempre nos assistir para, com o passar dos anos (décadas ou séculos), nos apresentar-se como História.
ps.: Acho que nós, minha geração e adjacentes, fizemos o mesmo percurso epistemológico da disciplina em questão. Nos ocupamos cada vez mais das micronarrativas e dos pequenos universos (pequenos burgueses?) e desprezamos, também cada vez mais, a estrutura da ordem planetária. E o que nos resta a fazer é acreditar que alguma iniciativa com selo Carbon Free irá nos salvar das chamas do inferno...

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