quinta-feira, 20 de novembro de 2008

O que é literatura?

Como diríamos nós pernambucanos: pense numa pergunta!!! Já que respondê-la não vou, conto, ao menos, como esse nó chegou até aqui. Aliás, faço mais, receito a própria obra de onde ela foi retirada como solução pro seu (im)possível desenlace.
A história teve início nesta semana, quando criei coragem e comecei a me preparar para mais um concurso a vaga de professor numa universidade pública. Mais uma vez, Letras. E de novo um programa de estudo que não me é muito favorável nem animador: teoria literária. Mas, como canso de escutar dos mais otimistas que toda experiência é válida e tals... Allez!!
Fui ontem na biblioteca da universidade, peguei uns livros e iniciei minhas primeiras leituras. Chaaaatas... Até que olhei pra minha estante e vi um dos títulos que a bibliografia do concurso indica: Teoria da Literatura: uma introdução, do crítico marxista Terry Eagleton. Pois bem, ao reler sua introdução (homônima a este post) me deparei com trechos que me amenizaram o enfado e a solidão de "candidato determinado em busca do objetivo". Passagens um tanto óbvias para conversas que tenho com certos amigos, é verdade, mas que continuam inteiramente válidas e que podem despertar um olhar crítico em alguns curiosos pelo tema. Compartilho-as abaixo (valem a leitura para os interessados em estética de uma forma geral!):

"Não existe uma obra ou uma tradição literária que seja valiosa em si, a despeito do que se tenha dito, ou se venha a dizer, sobre isso. 'Valor' é um termo transitivo: significa tudo aquilo que é considerado como valioso por certas pessoas em situações específicas, de acordo com critérios específicos e à luz de determinados objetivos. Assim, é possível que, ocorrendo uma transformação bastante profunda em nossa história, possamos no futuro produzir uma sociedade incapaz de atribuir qualquer valor a Shakespeare."

“a sugestão de que 'literatura' é um tipo de escrita altamente valorizada é esclarecedora. Contudo, ela tem uma consequência bastante devastadora. Significa que podemos abandonar, de uma vez por todas, a ilusão de que a categoria 'literatura' é 'objetiva', no sentido de ser eterna e imutável. Qualquer coisa pode ser literatura, e qualquer coisa que é considerada literatura, inalterável e inquestionavelmente – Shakespeare, por exemplo -, pode deixar de sê-lo. Qualquer idéia de que o estudo da literatura é o estudo de uma entidade estável e bem definida, tal como a entomologia é o estudo dos insetos, pode ser abandonada como uma quimera.(...)A literatura, no sentido de uma coleção de obras de valor real e inalterável, distinguida por certas propriedades comuns, não existe.”

Bom, repleta de parágrafos do mesmo nível, a introdução (que é bem curta) merece um drop completo (para os mais entusiasmados, aconselho o livro inteiro). Confidencio que teoria assim alivia o isolamento e até regojiza(!). Que Deus me alivie as "pedras" pela frente e... a labuta!!!

4 comentários:

Vanessa disse...

É.
A dita mutação!
Mas existem os parâmetros, ou não?

Bem, por enquanto Shakespeare ainda é Shakespeare? Não? Hehehehe

DoKtor,
Poderia me dar algum exemplo daquilo foi é não mais é? hehehehehe

E não me leve a mal, jamais defenderia a imutabilidade em qualquer coisa que fosse...
E é claro que concordo com Eagleton...

É somente mera curiosidade de alguém que não é das Letras...

Até.

Unknown disse...

pois que seja labuta, mas que seja prolifica
ainda estou digerindo o fato de que dependendo do contexto até eu um dia posso fazer literatura... será que vale relativizar assim ou é melhor a rigidez de uma ideia cnfortável?

Unknown disse...

aham... confortável.

Doutor Estranho disse...

claro que pode, rosa... pode não, já faz!!! manda um bjo no pro ministro!