segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Feudalismo informacional

Bom, cá estou de volta ao lar de pixels após uma semana de viagem. Conforme tinha informado, fui participar do II Simpósio Nacional de Pesquisadores em Cibercultura, onde apresentei uma pesquisa inicial sobre crônica esportiva na web (texto disponível aqui), tema que venho pensando em desenvolver.
Na verdade, o lado mais teórico da cibercultura nunca foi alvo de grandes investimentos de minha parte. Trabalhei com coisas ligadas a esse universo, mas sempre me esquivei de adentrar em suas questões mais técnicas. Decidi ir ao simpósio justamente para iniciar um contato mais próximo com elas.
Pois bem, vi exposições bem interessantes na função. E entre elas destaco a de Sérgio Amadeu, professor da pós-graduação da Faculdade de Comunicação Cásper Líbero, intitulada Cibercultura, Commons e Feudalismo Informacional. Nela, o expositor mostrou como o controle do conhecimento e o bloqueio de seus fluxos, postos em prática pela política do copyright, têm nos conduzido a uma espécie "feudalismo informacional" - expressão que ele tomou emprestada de Peter Drahos, diretor do Centro para Governança do Conhecimento e Desenvolvimento da Australian National University.
A exposição ainda não foi publicada. No entanto, Amadeu me disponibilizou uma cópia. Só para se ter uma idéia do seu conteúdo, trago aqui um parágrafo de palhinha:

"Para um desavisado, a privatização completa da produção intelectual e o tratamento das idéias como se fossem bens materiais, sem limites para a apropriação privada, poderia soar como algo ultra­ eficiente e hipercapitalista. Drahos e Braithwaite demonstram que o resultado seria completamente adverso e seus efeitos podem ser muito próximos aos impactos econômico do feudalismo. Tal como as guildas que controlavam as atividades profissionais colocando interesses corporativos acima dos demais interesses, o controle privatizado do conhecimento somente feudalizará a economia informacional. Colocará em risco uma das principais fontes da criatividade, o conhecimento público e disponível para sua reutilização e recombinação pela coletividade. É relevante observar que '70% dos artigos científicos citados nas patentes biotecnológicas têm origem exclusivamente em instituições públicas comparado com 16,5% provenientes do setor privado'."(DRAHOS; BRAITHWAITE, 212)

Creio que em breve o autor disponibilizará sua apresentação em forma de artigo. Aguardem. É uma aula imperdível, garanto.


ps.: e já que o tema do post é sobre liberdade para geração de idéias, coloquei no lado direito do blog um link para a petição que rola pelo ciberespaço contra o projeto de lei do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG). Tal projeto visa bloquear as práticas criativas e atacar a Internet, enrijecendo todas as convenções do direito autoral (mais info no Xô Censura!). Vão lá!

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