quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Cabeça de alcachofra

“Tudo que existe neste mundo tem um propósito. Veja aquela pedra, por exemplo. Qualquer uma. Até essa pedrinha serve para alguma coisa. Não sei para quê. Se soubesse, saberia por que estou aqui. O Pai Eterno é que sabe tudo. Quando se nasce, quando se morre... Ninguém sabe. Não sei para que serve esta pedra, mas deve servir para algo. Pois se ela for inútil, então tudo é inútil. Até as estrelas, quem sabe? Até você serve para alguma coisa, com sua cabeça de alcachofra”.
(O Louco, em A Estrada da Vida, Federico Fellini, 1954)

Acabo de ler o trecho acima após cumprir as obrigações que me atormentavam. Tormentos de práxis. Desta vez, elas me herdaram uma insatisfação do tamanho do universo (o que mais herdaria um homem sem qualidades?!). As honestíssimas obrigações, estas perversas maquinistas que nos conduzem sobre o trilho tomado pela existência. Qual seria outro? (eis a igualmente inevitável pergunta-à-reboque) Piuí, piuí, o cabeça de alcachofra aqui segue em seu tortuoso périplo afim de encontrá-lo...

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