segunda-feira, 25 de agosto de 2008

O Terror do Nordeste


Minha infância roubada, eis o sentimento. Fui criado no bairro do Arruda, o Santa Cruz está proustianamente em cada parágrafo de minhas memórias. O Mais Querido, o Terror do Nordeste, não merece a situação. Passará, assim como minha vida e a de todos. O Santinha jamais passará.


O silêncio do Terror (texto publicado hoje no Blog do Roberto*)

Hoje, o Recife é uma cidade em silêncio. O povo humilde nas ruas já não canta. A pobreza subitamente ficou mais triste. O Santa Cruz, antigo Terror do Nordeste, acordou quase na Série D do futebol brasileiro. O Mundão do Arruda com sua legião de fiéis está vazio.

Porque o Santa Cruz não é um clube de anéis de diamante. Carros importados. O Santa Cruz não nasceu em berço de ouro. O Santa Cruz é um clube feito de mangue e lágrimas. Mocambos e favelas. Longe dos palacetes de Rosa e Silva. Distante da fortuna da Abdias de Carvalho.

O Santa Cruz é a expressão mais perfeita de uma cidade feita de constrastes. Das pontes que cruzam o Capibaribe, holandesas. Das crianças que moram sob as pontes, africanas. Mas, se resta um consolo aos torcedores que guardaram suas surradas camisas tricolores na saudade. É a certeza de que a torcida tricolor não foi derrotada. Pois a paixão destes abnegados que só pensam no Santa Cruz com o coração permanece invicta.

Derrotados foram os dirigentes que durante décadas se aproveitaram do amor da torcida coral para se elegerem semideuses. Para serem heróis da mídia. Para multiplicarem seus haveres. Estes senhores não possuem a dignidade deste povo que hoje sofre em silêncio. Porque hoje o Recife é uma cidade em silêncio. A pobreza, subitamente, ficou mais triste...

*Roberto Vieira é escritor e blogueiro

Um comentário:

Soraia disse...

oie. voltando pra lhe fazer visitas e ler teus escritos,
adoro, beijos soraia