quarta-feira, 7 de novembro de 2007

A fome de tudo da periferia


A fome de tudo da periferia devora Oswald de Andrade e seus afilhados. E o banquete está servido: esta semana rola em São Paulo a Semana de Arte Moderna da Periferia - Antropofagia Periférica, evento promovido pela Cooperifa – Cooperativa Cultural da Periferia. Ainda dá tempo de dar uma passada por lá - é de 04 a 10/11. A programação (com horários e locais) está neste link. Quem puder, acho que vale a pena dar uma fuçada nas exposições, mostras de vídeos, shows e apresentações. Abaixo segue o manifesto fodíssimo do evento escrito pelo poeta Sérgio Vaz, idealizador da função.


Manifesto da Antropofagia Periférica
Sérgio Vaz

A Periferia nos une pelo amor, pela dor e pela cor. Dos becos e vielas há de vir a voz que grita contra o silêncio que nos pune. Eis que surge das ladeiras um povo lindo e inteligente galopando contra o passado. A favor de um futuro limpo, para todos os brasileiros.

A favor de um subúrbio que clama por arte e cultura, e universidade para a diversidade. Agogôs e tamborins acompanhados de violinos, só depois da aula. Contra a arte patrocinada pelos que corrompem a liberdade de opção. Contra a arte fabricada para destruir o senso crítico, a emoção e a sensibilidade que nasce da múltipla escolha.

A Arte que liberta não pode vir da mão que escraviza.

A favor do batuque da cozinha que nasce na cozinha e sinhá não quer. Da poesia periférica que brota na porta do bar.

Do teatro que não vem do "ter ou não ter...". Do cinema real que transmite ilusão.

Das Artes Plásticas, que, de concreto, querem substituir os barracos de madeira.

Da Dança que desafoga no lago dos cisnes. Da Música que não embala os adormecidos.

Da Literatura das ruas despertando nas calçadas.

A Periferia unida, no centro de todas as coisas.

Contra o racismo, a intolerância e as injustiças sociais das quais a arte vigente não fala.

Contra o artista surdo-mudo e a letra que não fala.

É preciso sugar da arte um novo tipo de artista: o artista-cidadão. Aquele que na sua arte não revoluciona o mundo, mas também não compactua com a mediocridade que imbeciliza um povo desprovido de oportunidades. Um artista a serviço da comunidade, do país. Que, armado da verdade, por si só exercita a revolução.

Contra a arte domingueira que defeca em nossa sala e nos hipnotiza no colo da poltrona.

Contra a barbárie que é a falta de bibliotecas, cinemas, museus, teatros e espaços para o acesso à produção cultural.

Contra reis e rainhas do castelo globalizado e quadril avantajado.

Contra o capital que ignora o interior a favor do exterior. Miami pra eles? "Me ame pra nós!".

Contra os carrascos e as vítimas do sistema.

Contra os covardes e eruditos de aquário.

Contra o artista serviçal escravo da vaidade.

Contra os vampiros das verbas públicas e arte privada.

A Arte que liberta não pode vir da mão que escraviza.

Por uma Periferia que nos une pelo amor, pela dor e pela cor.

É TUDO NOSSO!

4 comentários:

Anônimo disse...

amei esse post!

Anônimo disse...

"amei esse post!" nao cabe porque nao é bem um post..é "circulaçao de informaçao", que é o que há de melhor por aqui...mas, enfim,
o manifesto é mesmo fuderoso!, e cola bem com o Cuenca abaixo, fuderoso idem. e viva o editor estranho...

Anônimo disse...

:) beijo.

Anônimo disse...

coloca outro! Hj. ja e dia 09.