sexta-feira, 6 de julho de 2007

Três foiçadas


"Tem dia que a noite é assim", ecoou ontem o sample popular na boca do meu compadre marinheiro. Mas hoje parece ser dia que a noite não tem fim: acordei com a Indesejada num movimento de três foiçadas.


Antes da leitura matinal do jornal, soube por telefone do falecimento do cineasta Sérgio Bernardes, pessoa que conheci na época em que a produtora Pólo de Imagem ainda funcionava no Poço da Panela, bairrinho do Recife. Conheci Sérgio muito rapidamente através de minha ex-mulher com quem trabalhava. Recordo-me de um aniversário de sua filha que fui na casa que lhe deu a guarita recifense e onde tive tratamento fino. Pareceu-me um homem de generosidade e bastante afetuoso.


Ao abrir o jornal, leio no obituário a morte de José Agrippino de Paula, o autor de Panamérica, obra basilar para o Tropicalismo. Este livro talvez tenha sido o primeiro romance a trazer a cultura pop para a literatura brasileira. Nunca o li, mas sempre me foi uma promessa, tendo em vista que ele é daqueles textos que permeiam o universo de todo sujeito que invereda pelos caminhos da discussão cultural no Brasil - ainda devo a leitura, assim como a d' O romance da Pedra do Reino do velho Suassuna. Não pude cumprir minha promessa com o escritor em vida, uma pena.


Por fim, já a postos para o trabalho na web, tomo conhecimento da partida do menino Rafa, flautista da Mombojó. Confidencio ter sido esta a perda mais sentida - e que fique claro aqui que a intensidade da dor em nada rima com valor. Escrevo estas mal-traçadas por relações afetivas e só - todos de alguma forma me faltarão. Não que eu fosse amigo do músico, com quem só troquei duas palavras no Garagem, espécie de CBGB do miserê. Afora sua pouquíssima idade (tinha 24 anos), quem ouviu comme il faut o Nada de novo, primeiro disco da banda, talvez tenha dimensão da lágrima que derramo. Quem ainda não o escutou clique aqui, baixe o álbum inteiro (salve o copyleft!) e vá direto para a faixa "Duas Cores", obra-prima em que Rafa tatua suas notas em nossos tortos e líricos corações. Que o destino o carregue para o reino da alegria, sempre.

Um comentário:

Anônimo disse...

coisa linda, bazo!