- "O amor não existe!", bravateia o Exu inconformado que habita no lado esquerdo de minha caixa craniana por alguma razão que já nem lembro mais - publicidade, revolta anti-burguesa, inveja, sei lá... O professor-pasquale-dos-meus-inferno ainda leciona:
- "Assim como todas as palavras, o substantivo 'amor' nada quer dizer. Ou melhor, 'amor' quer dizer aquilo que nós, enquanto criaturas temporais, determinamos o que ele diga ou signifique."
- Mais clareza, faz favore.
Prosseguiu:
- "As palavras não possuem significado essencial. Elas ganham sentidos em função 'dos algos' que lhes atribuímos. Atribuições e sentidos quase sempre determinados por épocas, classes, culturas, enfim, circunstâncias históricas. E com a palavra amor, não é diferente. Podem me acusar de sem coração, mas o amor pode não existir, como parece óbvio não ser amor o amor publicitário (o 'amor colgate', só sorriso), o amor cárcere-propriedade-privada, o amor pequeno-burguês... Todos eles preenchidos por ideais, posses, mesquinhez... Eu não conseguiria chamar de amor umas coisas dessas! É clichê, eu sei, mas do jeito que as pessoas o preenchem, o amor, faz tempo, tá fadado ao fracasso.
- Ok, mas por que, mesmo diante das razões do seu raciocínio, essa invenção do século XII ainda teima em aparecer?
- "Porque parece que aqui não há lugar para razões. Desconfio que o amor surja de uma falha súbita na lógica do universo..."
quinta-feira, 3 de abril de 2008
Falha súbita (Marguerite Duras sample's)
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Marguerite Duras
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Um comentário:
Desconfio que o Dr. Estranho anda com raiva por estar apaixonado... Acertei?
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