Como ocorreu no verão passado, escrever tem sido difícil na vila maurícia. Desta vez a tecnologia tem até ajudado com banda larga, boa máquina, tous que'il faut, como dizem os mais finos. Mas peço perdão pela ausência e confidencio. O problema talvez esteja no vento oceânico que invade o lar materno onde estou hospedado: décimo sexto andar no Rosarinho, um dos bairros portais para a zona norte da cidade - daqui enxerga-se o Atlântico, o porto e seus gigantes de ferro revezarem-se no cais. "Mas, como assim?" Perguntaria com toda legitimidade o leitor mais curioso e preciso. É que antes de alcançar o mar, minha vista atinge, em primeiro plano, o cruzamento da rua João de Barros com a avenida Norte. Uma encruzilhada que fez parte de minha infância, caminho do colégio, tanto quanto o estalar do galo de campina de meu pai e o jingle do programa "Manhã da Saudade" - para ficar apenas nas lembranças das primeiras horas do dia de minha pequena África da década de setenta. Mirá-la lambido por tal brisa, esmorece-me juízo e miocárdio. Eis a razão. A esta altura e comoção, falta-me um paraquedas em mi corazón (além da rima ruim, imaginar Wander Wildner como um precavido, era só o que me faltava!). Então suicido minha escrita. Ok, exagerei, peço-lhe clinche. Sou vencido pelas reminiscências de minha geografia sentimental. Mais uma vez, perdão. Entrego meus pontos ao vento-cruzamento, ao amor pelo Recife...
Volto quando me recompor.
sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
Primeiro parágrafo de estação
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
Chego já com meu falso chiado carioca para botar ordem na casa e acabar com essa trilha sonora de violinos titanic.
Aproveite a cena e a brisa.
Imagino a paisagem e o cheiro.
Até mais ver, Sr.
Postar um comentário