quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

O que é, afinal, Estudos Culturais?

Esta é uma pergunta que constantemente as pessoas me fazem quando falo sobre a área de conhecimento que desenvolvo meus trabalhos e a que, não por acaso, prefiro investir meus estudos. Para uma definição mais precisa dos Estudos Culturais existe hoje no Brasil uma bibliografia introdutória que responde bem a questão-título deste post. Cito algumas obras: Introdução aos Estudos Culturais, dos franceses Armand Matterlart e Erik Neveu; Dez lições sobre Estudos Culturais, da Maria Elisa Cevasco; O que é, afinal, Estudos Culturais?, organizado por Tomaz Tadeu da Silva; entre outros trabalhos.
No entanto, no meio das mencionadas leituras que fiz neste verão, encontrei uma definição interessante que serve de boa síntese para este campo de estudos. Ela encontra-se no livro O universalismo europeu, do sociólogo americano Immanuel Wallerstein. Eis a esclarecedora passagem:
"O movimento dos estudos culturais foi igualmente uma rejeição do conceito básico que configurava as ciências humanas: a existência de cânones universais de beleza e de normas do bem na lei natural que podem ser aprendidos, ensinados e legitimados. Embora as humanidades sempre tenham afirmado favorecer o particular essencialista (contra os universais científicos), os proponentes dos estudos culturais insistiam que os ensinamentos tradicionais das humanidades incorporavam os valores de um grupo específico - homens brancos ocidentais de grupos étnicos dominantes -, que afirmavam de maneira arrogante que seus conjuntos particulares de valores eram universais. Nos estudos culturais, insistia-se, ao contrário, no contexto social de todos os juízos de valor e, portanto, na importância de estudar e valorizar as contribuições de todos os outros grupos - grupos que foram historicamente ignorados ou denegridos. Professava-se então o conceito demótico de que todo leitor, todo espectador, traz às produções artísticas uma percepção que não é só diferente, como igualmente válida."
Respondida a pergunta-título?

Nenhum comentário: