segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Leituras de verão e o (meu) materialismo posto em xeque

Desde novembro no Recife, aproveitei, entre uma farra e outra, pra por, na medida do possível, a leitura em dia. Romances, antropologia, filosofia, artigos, li de tudo um pouco. Eis a lista com a qual curei minhas ressacas e acumulei um pouco mais de sabidice: Música e simbolização, tese sobre o Manguebeat da professora e consultora de pesquisa Rejane Sá Markman; Homem comum, breve romance do americano Philip Roth; Beato Lourenço e Caballeros solitários rumo ao sol poente, ambos de Xico Sá; Nova luz sobre a Antropologia, Clifford Geertz; Administradores, quem somos nós?, Luiz Otávio Cavalcanti; Aprendendo a viver, do filósofo e ex-ministro da educação da França Luc Ferry; O Universalismo europeu, do sociólogo Immanuel Wallerstein; e, por fim, Crime e castigo, romance cânone da literatura mundial do russo Fiodor Dostoiévski, este último ainda em processo de leitura.
Pois bem, uns mais e outros menos, como era de se esperar, gastaram meu juízo com trechos e questões interessantes. Por hora, trago uma passagem do livro do Luc Ferry bastante provocadora para aqueles que, como eu, acreditam que a existência precede a essência:
"Para formular mais uma vez o princípio dessas contradições, eu lhe diria apenas que a cruz do materialismo é que ele jamais consegue pensar seu próprio pensamento. A fórmula pode parecer difícil; no entanto, significa algo de muito simples. O materialismo diz, por exemplo, que não somos livres, mas está convencido, é claro, de que afirma tal coisa livremente, que ninguém o obriga de fato a fazê-lo, nem seus pais, nem seu meio social, nem sua natureza biológica. Ele diz que somos inteiramente determinados por nossa história, mas não deixa de nos convidar a nos emancipar dela, a mudá-la, a, se possível, fazer a revolução! Ele diz que é preciso amar o mundo tal como ele é, reconciliar-se com ele, fugir do passado e do futuro para viver o presente, mas, como eu e você quando o presente nos pesa, não deixa de tentar mudá-lo na esperança de um mundo melhor. Em resumo, o materialismo anuncia teses filosóficas profundas, mas sempre para os outros, nunca para ele mesmo. Ele está sempre introduzindo transcendência, liberdade, projeto, ideal, pois, na verdade, ele não pode se acreditar livre e requisitado por valores superiores à natureza e à história."
Socorram-me o velho barbudo Karl e o bigodudo Friedrich! Para quem gasta neurônios com questões filosóficas, cartas a esta redação, por favor....

Um comentário:

Anônimo disse...

Voilà, Beto: esse caba é um picareta e de filósofo num tem é nadie. Segundo: que história é essa de que o materialismo tem a ver com revolução? Tá falando de Marx, ou caricaturando o que desconhece? E de onde vem que o materialismo não se pensa? Oxi, é ignorância ou má-fé? Nunca leu Lukácks, fio, não conhece seu conterrâneo Balibar? Isso é um palhaço do espetáculo triunfante.