quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Manguetown, o Caribe é aqui!

Centésimo post! E para comemorar a centena, carenagem nova - só a fuleiragem do responsável aqui é que continua a mesma... Para inaugurar o figurino, segue uma narrativa da estação.

Estávamos eu e Fabinho Trummer (banda Eddie), sabadão de dezembro último, na praia de Boa Viagem, comendo ostra e gastando o juízo em prosas aprumadíssimas e intermináveis - verdadeiro mar de histórias. Conversa vai, conversa vem, em determinado momento, o menino de Olinda pediu a palavra e sentenciou: “vê só, a gente tem a hora que quiser este mar e todos os coqueiros que a vista consiga enquadrar, escutamos muita cumbia e, pra completar, as moças daqui são quentes como este sol que queima nossas carcaças... eu mesmo vou comprar pão perto de casa só de short. Sinto-me no Caribe! Ser caribenho é um estado de espírito!”
Eu que já tinha ouvido ladainhas tantas acerca de desterritorializações, desconstruções identitárias, hibridismos e outras mumunhas afins, ri e concordei. Não haveria porque contestá-lo, o rapaz da guitarra tava certo, Maciel Salu!
Logo no dia seguinte, estava eu terminando de ler o livro “Música e simbolização” da consultora de pesquisa Rejane Sá Markman (que curiosamente pariu um ganso, mas isso já é outra história, ou melhor, outro drama) – obra que analisa o Manguebeat como movimento contracultural - e eis que me deparo com o seguinte trecho nas considerações finais do trabalho:
“Os conteúdos obtidos na pesquisa (da autora) apontaram para a presença predominante dos componentes da cultura popular nas letras das músicas estudadas e na forma como se combinavam com os elementos globais. Esses dados sugeriram que não se pode apontar no sincretismo realizado nas letras a presença de uma atitude de subordinação a esses aspectos culturais exógenos. O uso desses elementos produziu uma ‘apropriação renovada’, nos moldes conceituados e discutidos no Capítulo I deste livro. A forma de utilização do global pelo Manguebeat seria semelhante a que Daniel Miller (1996) percebeu no seu estudo sobre a cultura caribenha, quando esta se pôs em contato com as representações dominantes da cultura norte-americana.”
São as vozes da academia confirmando a tese de beira de mar do Dr. Trummer. Faro antropológico Olinda style, certeiro como a esperança, a fé em Deus e este oxímoro indispensável que é a ilusão...

3 comentários:

Anônimo disse...

A Profa. Rejane Markman reprovou o papai aqui em Teoria e Método de Pesquisa. Reprovação justíssima diga-se de passagem, já que eu, aluno de Comunicação Social, só pensava em fumar maconha. Pior é que já se passaram uns 10 anos e o cabra continua achando que vive na Jamaica. Uma ilha cheia de fumaça que, por acaso, fica ali bem pertinho, no mar do Caribe.

BelaCavalcanti disse...

Bazitooooooooooo! Saudades de nossas prozas internautas, amigo. Tudo de bom, de MUITO bom pr'oce (que merece). To mandando teus filmes, viste?

Anônimo disse...

grande igor, valeu a visita! apreça sempre! gabi, vc já é de casa. besos e abraços...