"Lemos, penso eu, para sanar a solidão, embora, na prática, quanto melhor lemos, mais solitários ficamos."
(Harold Bloom em Onde encontrar a sabedoria?)
domingo, 31 de maio de 2009
Exercício para a solidão - notas domênicas
sexta-feira, 29 de maio de 2009
terça-feira, 26 de maio de 2009
Manual do escritor
Nunca entendi essa coisa de compulsão a escrita. Sempre me soou como achaque literário e presunçoso - perdoem-me pela redundância. E mesmo sendo até um pouco jeitoso com as palavras, não concebo a obrigação de escrever. Desidealizei continuamente o escritor que poderia ter sido, no que sou grato a mim mesmo. Poucas coisas que li me valeram mais que dois vasilhames de cervejas. Pouquíssimas mais do que um dedo de prosa com o amigo marinheiro.
Ademais, pra que tantos livros no mercado editorial, se na vida terminamos por carregar no juízo e miocárdio somente duas obras entre todas que lemos?! Haja retórica e papel. Eu é que não contribuirei com a derrubada de árvores!, apesar de concordar com um outro capanga, para quem a escrita de hoje só vale a pena como ressaca moral... (o que leva esta mesma alma a concluir que o melhor da literatura continua sendo encontrada apenas nos versos de putaria e da fuleiragem anônima)
quarta-feira, 20 de maio de 2009
Auto-falante (infos)
Nos próximos dias estarei gastando o verbo pelas irmãs Recife/Olinda. Segue a (auto)programação:
- A Ação Caixa Estante, projeto da equipe técnica da Biblioteca Pública Estadual (PE) que visita instituições como creches e asilos, estará no dia 20, às 15h, na Associação de Idosos de Rio Doce - para a ocasião fui convidado a falar sobre o tema "Cultura: O que significa essa palavra?". A programação será repetida no dia 27 na Associação de Idosos de Brasília Teimosa.
- O Núcleo de Pesquisa e Iniciação Científica (Nupic) da Fafire lança nesta quinta-feira (21), às 17h, uma série de encontros temáticos, chamados de Café Cultural. Casando com o tema acadêmico deste ano na faculdade, que tem a Cultura como foco das atenções, o evento objetiva discutir questões como a produção cultural do Recife, imprensa e memória, gestão da cultura, turismo, patrimônio e gastronomia, educação e diversidade cultural, ética nas empresas e indústria cultural. Para o primeiro debate, "Produção Cultural no Recife", confirmadas as presenças do produtor Roger de Renor e de euzinho, mediados pelo músico e escritor Silvério Pessoa. O evento inaugural acontecerá no auditório da Pós-Graduação da faculdade, no 5º andar. Mais infos aqui.
- Por fim, depoimento sobre o Memorial Chico Science no programa "O melhor do Nordeste" (Tv Tribuna) que irá ao ar na manhã deste domingo, dia 24, as 10:30hs.
Será o Grilo Falante ou o Homem da Cobra?!...
domingo, 10 de maio de 2009
A descoberta da roda
Saiu no caderno Mais!("tarde eu leio!") da Folha de São Paulo de hoje:
O chique na berlinda
Em entrevista à Folha, o filósofo australiano Peter Singer diz que o consumo de luxo aumenta a pobreza
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Peter Singer acha que as pessoas que gastam [dinheiro] com vinhos caros e viagens luxuosas em vez de ajudar crianças pobres são, de certa maneira, responsáveis pela morte destas.
É o que ele defende em seu livro mais recente, "The Life You Can Save" [A Vida Que Você Pode Salvar, Random House, 206 págs., US$ 22, R$ 47], um manifesto humanitário embasado nos preceitos da bioética.
É a mais nova faceta do polêmico filósofo australiano de 62 anos, que ensina esse ramo da ética na Universidade Princeton, em Nova Jersey (EUA).
As outras são a do militante pelos direitos dos animais, posição defendida em outro livro, "Animal Liberation" [Libertação Animal, Random House, 1975], considerada a obra que iniciou a faceta radical desse movimento, e "Should the Baby Live? - The Problem of Handicapped Infants" (Deve o Bebê Viver? - O Problema das Crianças com Deficiências, Oxford Univesrity Press, 1985), em que defende a eutanásia.
Leia abaixo trechos da entrevista que concedeu à Folha por e-mail.
FOLHA - Segundo a Unicef, 27 mil crianças morrerão hoje. O que devemos fazer a respeito e não fazemos?
PETER SINGER - Essas mortes são evitáveis. Elas são decorrência de situações que podem ser mudadas -ausência de água limpa, falta de postos médicos locais, ausência de redes contra a malária e assim por diante. Acima de tudo, acontecem por conta da extrema pobreza, e isso também pode ser mudado.
Nós deveríamos usar uma parte de nossa riqueza para ajudar a tirar as pessoas da armadilha da extrema pobreza. É errado gastarmos tanto com coisas supérfluas, enquanto outros não têm o suficiente para comer ou não têm condições de mandar suas crianças para a escola.
FOLHA - Ao mesmo tempo, 20 mil americanos perderão seus empregos hoje. O quão difícil é ser coerente em uma época de derretimento econômico?
SINGER - O problema não é coerência, mas fazer com que as pessoas pensem outras enquanto estão preocupadas com os próprios interesses. Somos egoístas por natureza, e não espero que as pessoas se tornem altruístas se estão preocupadas em pagar o aluguel.
FOLHA - O sr. dá um terço de seus rendimentos à rede de assistência global Oxfam. É suficiente? Recomenda que outros façam o mesmo?
SINGER - Eu não diria que é o suficiente; se eu fosse uma pessoa melhor, daria mais.
Ao mesmo tempo, porém, não seria preciso que ninguém desse tanto quanto eu dou se apenas as pessoas mais ricas doassem algo de suas rendas.
Então, em meu livro, recomendo uma porcentagem muito menor, começando por 1% da renda das pessoas. É possível ver a tabela completa no livro ou no site www.thelifeyoucansave.com, [onde você pode fazer sua doação também.
FOLHA - O sr. escreveu: "Quando nós gastamos nossa sobra de dinheiro em shows, sapatos da moda, jantares sofisticados, vinhos caros ou em viagens de férias para lugares distantes, estamos fazendo algo errado". Mas pode-se argumentar que, ao fazer isso, ajudamos a criar ou manter empregos, algo que hoje em dia é mais do que necessário. Como equilibrar esforço humanitário e capitalismo?
SINGER - A maior parte do que gastamos no que você menciona vai para pessoas que já são ricas. Se o que você compra ajuda realmente os mais pobres -talvez por meio de um esquema de comércio justo-, tudo bem, não me oponho.
Mas é importante ajudar os pobres diretamente também, pois de outra maneira eles não podem se integrar à economia global. Os países mais pobres não têm a infraestrutura necessária para essa integração.
FOLHA - O sr. acha que uma das consequências da atual crise pode ser que as pessoas passem a ter uma vida mais frugal?
SINGER - Seria bom em certo sentido, especialmente do ponto de vista do ambiente, do aquecimento global.
Mas duvido que aconteça. A crise vai passar, e em alguns anos voltaremos aos nossos hábitos antigos.
FOLHA - Do ponto de vista da bioética, qual é a diferença entre George W. Bush e Obama na Casa Branca?
SINGER - Uma diferença enorme. Bush e seus capangas adotaram uma atitude arrogante em relação ao resto do mundo -os EUA são o chefe, disseram, não apenas mais um membro da comunidade internacional.
Obama tem uma atitude diferente, e isso é importante.
Igualmente importante, é claro, é sua recusa em torturar, seu plano de fechar [a prisão da base militar de] Guantánamo, sua disposição em apoiar organizações de planejamento familiar que também incluem aborto entre os meios de ajudar as mulheres a controlar sua fertilidade, sua aceitação de pesquisa usando células-tronco de embriões humanos e, acima de tudo, uma atitude positiva em relação à ciência.
FOLHA - Não há contradição entre o que defende em "Deve o Bebê Viver?" e "A Vida Que Você Pode Salvar"?
SINGER - Nenhuma. Minha preocupação primária é a redução do sofrimento desnecessário.
Há uma enorme diferença entre tentar salvar a vida de crianças cujos pais querem que elas vivam e cujas vidas podem ser salvas com quantias modestas de dinheiro e manter vivas crianças extremamente incapacitadas, usando tecnologia médica moderna e caríssima, quando os pais acham que seria melhor para a criança e a família se o bebê não sobrevivesse.
FOLHA - A propósito de um de seus primeiros livros, "Libertação Animal", e a gripe suína, o sr. acha que há uma lição moral nessa quase pandemia?
SINGER - Não creio. A razão moral para não colocar porcos nas "fábricas rurais" em que estão é que é uma vida horrível para os porcos, e não há necessidade de que os tratemos assim.
Talvez uma consequência secundária de colocar milhões de animais juntos em condições precárias é que eles cultivam novas doenças, que podem gerar pandemias globais.
Mas seja isso verdade ou não, o fato é que, para começar, não deveríamos estar tratando os animais dessa maneira.
sexta-feira, 8 de maio de 2009
Máquina mundo
Bom, a ideia é retomar a regularidade dessa bodega eletrônica. É que a cabeça não tá lá muito disponível para comentários (e muito menos para invenções!) das acontecências desse velho mundo cansado de guerra. Ando ocupado com a gerência do Memorial Chico Science, espaço recém inaugurado no Pátio de São Pedro (centro do Recife), e com as preparações das aulas que começo hoje na Aeso (a antiga faculdade de direito de Olinda). A vida tomando tento(?) e engolindo o ócio e o que resta da poesia desse dublê de herói, estranho como o mais comum dos mortais.
Pra não perder o costume, seguem duas dicas:
1) Assistam - onde estiver passando - Pachamama, o novo filme do Eryk Rocha. É belíssimo! Botei-o pra dentro da caixola na última sexta, numa sessão de som horrível no festival Sapo Cururu lá nas Olanda. Ainda assim, o filme se sustentou e é um ótimo relato de viagem sobre nossa tríplice fronteira com a Bolívia e o Peru - sim!, existem vidas por detrás do litoral e do mundo neoliberal, só pra aproveitar a fácil rima...
2) Para os que tão na capital pernambucana, hoje a noite vale uns birinaites na festa dos Djs Sem Loção no Francis Drinks - sim!, aquele velho puteiro perto do Marco Zero. E já que perdi o Festival da Seresta (sorry, Márcio Greyck!), devo tá por lá, carregando a gasta carcaça...
sexta-feira, 1 de maio de 2009
No eixo
Cliquem em cima das imagens que elas ampliam
Confiram também o site do filme!
Nas arestas
Mostra de cinema sob o comando do cineasta Jura Cubits, a Sapo Cururu é hoje!
Este ano, o grupo de curadores do “En transe” - organizadores do Festival Latinoamericano de Cinema En Transe - foram convidados para fazer a escolha dos filmes exibidos. Foram selecionados os curtas “Valparaiso”, de Diego Hoefl; “Sin Peso”, de Cao Guimarães e “Di”, de Glauber Rocha. Além do longa “Pachamama”, uma coprodução entre Brasil, Peru e Bolívia, dirigido por Eryk Rocha. Ao final das exibições, o espaço ao lado, o Clube Atlântico (existe uma passagem entre os dois prédios), recebe o som da Burro Morto, uma mistura afrobeat, jazz, funk e psicodelia. Enquanto isso, no espaço “dancing” montado no primeiro andar do prédio, os DJs Sem Loção vai deixar a pista lotada como um set list de primeira.
Serviço
Mostra de Cinema Sapo Cururu
Sexta-feira, dia 1º de maio
Cine Olinda, a partir das 22h
Ingressos: R$ 10,00
Outros apanhados de minha tarrafa TCP/IP
Eis que nas últimas navegações na grande rede descubro mais duas pérolas:
- Na Prática a Teoria é Outra, um ótimo blog sobre política e adjacências, como o próprio se define;
- e a volta do NoMínimo no agregador as últimas.
Divirtam-se!