terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Classe A (Pasárgada)

Confeso leitores(as), tá difícil. Agora nem conexão-discagem telefônica tenho mais (deu algum pau no computador da casa). E atualizar blog em lan house é ofício dos mais tristes (ainda mais quando o cara que toma conta do recinto fica acunhando pagodes dos mais vagabundos nas alturas). Deixemos os espinhos para trás, porém. E pra não dizer que não falei das flores, este sítio agora se presta de coluna social. Ontem o Dr. E. foi conferir o lançamento do romance Caballeros solitários rumo ao sol poente, primeiro no gênero do escritor Xico Sá.
A função foi no Bar Central, guarita do amigo André Rosemberg que fica ali por detrás da Assembléia Legislativa do invicto Pernambuco. E não deu pra quem quis: os exemplares do Caballeros acabram-se antes do primeiro terço da noite. Eu mesmo não vi uma linha do papiro. Tive que me contentar com o autor em narrativas de corpo presente (seria o João Paulo Cuenca?). Pois bem, agradeço ao sucesso do nosso Francisco Reginaldo que, além deste que tece estas mal-traçadas, arregimentou as melhores almas da vila maurícia. Caros amigos(as), compomos ontem uma das mais lindas mesas que já tive o prazer de integrar. Quase fundamos um movimento! E seria encabeçado por Fabinho Trummer, o rei da noite, com suas mais tocadas (e a radiola de ficha tava aviciada, tava?!). Fora o nosso homem del sevaje portunhol e o terror de Bairro Novo, vejam que nível de escrete: Adriana "Miss Soledad" Vaz, Ana Paula Portela (S.O.S. Corpo), a flor Dani de Lacerda, o ministro Renato L, ZeroQuatro, Gutti, o faraó Keops "Raval" Ferraz, Duda "Risoflora" Belém, o pequeno príncipe Marcelo Luna, o marinheiro de mares nunca d'antes Guga Peixoto, o platino das letras Alfredo Cordiviola e sua dama, musa de todos os periféricos cosmopolitas, Ângela Prysthon...
Fina flor do meu Recife que não queria que acabasse jamais. Homens e mulheres de minha cambaleante existência. Não me recordo de uma última patuscada tão digna! De uma cerveja tão nobre! Guardarei em minha víscera canhota cada ml entornado. Seria o caso de propor já propondo: ei, mesa, vamos fazer mais uma vez?! Quem sabe na próxima o subcomandante pega seu cavaco e manda, no seu esquema noise, o samba já eleito da estação:"Pôxa, como foi bacana te encontrar de novo..."

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Retour & bad trips

Em primeiro lugar, peço desculpas aos possíveis freqüentadores deste sítio por minha estranha ausência. Translados territoriais, trabalhos, conexão de web ruim (discagem-modem, lembram?!), amigos e farras foram as razões para ocultar minha já capenga verve criativa. Esforçando-me para não abortar a missão, tento retomar o cultivo deste jardim de pixels, mesmo que os motivos acima não tenham dado trégua. Nenhum deles...
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Desde minha chegada ao Recife há uns 15 dias atrás, um assunto que tem ecoado com bastante freqüência nos meus ouvidos é o consumo de crack pelas novas gerações da cidade.
Sobre o tema, antes que me acusem de reaça ou moralista, quero deixar logo claro: sou a favor da liberação das drogas. E de todas, sem exceção. Partilho do catecismo dos que acreditam nos “avanços da química aplicada no terreno da alteração e expansão da consciência”, além disso, creio que tal medida jurídica desarticularia o tráfico, acabando com a mamata de muita gente poderosa que anda oculta poraí. Mas, entre a liberdade individual de uso* e o consumo massificado e degradado, como parece estar acontecendo por aqui, vai uma distância enorme. Pelo que eu escuto falar - e não poucas vezes – a coisa tem ganhado ares de patologia social, com uma galera se afundando na “pedra” sem nenhuma contrapartida de idéias ou de movimentação criativa, pois o Recife hoje exala muito mais uma atmosfera sombria do que a vivacidade artístico-cultural da década passada. Parece-me que as dívidas que esses novos usuários de crack da cidade vêm acumulando com os seus fornecedores não têm pagado suas viagens. Só bad trips...

*Para quem gosta de nota de rodapé, vai a dica: Vícios não são crimes, do advogado norte-americano Lysander Spooner (ed.: Aquariana).