terça-feira, 27 de abril de 2010

Os impérios do ar

Na proximidade das comemorações das independências dos países latino-americanos, as lutas continuam... É só clicar aqui pra conferir no ótimo texto da Gislene Moreira, doutoranda em Ciência Política pela FLACSO-México e membro do Grupo de Pesquisa CEPOS(Comunicação, Economia Política e Sociedade).

É Sapo Seis!...


(clique na imagem p/ ampliá-la)

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Biu Roque (obituário)

A cultura popular brasileira está de luto: faleceu na última sexta-feira um de seus bastiões, o brincante caboclo Biu Roque. Segue abaixo uma matéria de Michelle de Assumpção sobre o fato que foi publicada sábado no Diário de Pernambuco.

Silêncio na sambada
A cultura popular de Pernambuco perdeu um patrimônio vivo. João Soares da Silva, o Biu Roque, morreu na noite da sexta-feira, por complicações ocasionadas por um AVC, sofrido há duas semanas. Por coincidência, poucas horas após sua partida, dois de seus principais discípulos tinham show marcado no mesmo palco, na programação paralela do festival Abril pro Rock, no Recife Antigo. Alessandra Leão e Siba com a Fuloresta do Samba não deixaram de se apresentar, pois ambos lembraram de imediato o que dizia Biu Roque à respeito da morte, a dos outros e a sua própria.

"Quando eu morrer, quero que a sambada continue", falava. E assim foi feito. Depois do show, nos bastidores, Alessandra Leão e seu marido, o arranjador, violeiro, compositor e produtor Caçapa comentavam a amizade que fizeram com Biu Roque, que começou há muitos anos e se intensificou há pouco mais de um ano, quando entraram em estúdio para gravar o primeiro CD só de Biu Roque, que vai se chamar A noite hoje é a maior. Está tudo gravado, vozes e instrumentos, só falta mixar e masterizar. No dia da sua partida, Alessandra tinha recebido a arte da capa do disco. Por muito pouco Biu Roque não viu seu primeiro disco solo ficar pronto.


No myspace do artista – ex-cortador de cana-de-açúcar, nascido em Condado e morador do sítio Chã do Esconso, em Aliança - é possível ouvir e ler um pouco sobre a sua história. A página foi desenvolvida por Alê e Caçapa, para que o valor da obra de Biu ficasse cada vez mais conhecido do povo. Mesmo sem toda a fama de um Salustiano, Biu Roque tinha o mesmo tanto de conhecimento. Tinha total domínio de gêneros musicais tradicionais como o coco de Roda, a ciranda, o maracatu rural e as toadas de Cavalo Marinho, e os sambas típicos da Zona da Mata.

No myspace também está sua discografia. Todos os discos que tiveram a participação de Biu Roque são até hoje alguns dos mais importantes para a cultura popular, sobretudo o cavalo-marinho e o maracatu rural, dos quais era mestre maior. Entre eles, os álbuns do Mestre Ambrósio, de 1996 e 1999. O rabequeiro Siba Veloso foi – entre os da nova geração de músicos pernambucanos ligados à tradição de sua terra - discípulo e ao mesmo tempo um exemplo para Biu Roque. Pois foi através da banda montada posteriormente pelo ex-Mestre Ambrósio, chamada Fuloresta do Samba, que Roque pode viajar o Brasil e o mundo inteiro, participar de discos e ter sua importância cada vez mais atestada por todos que conviveram com ele.

A primeira grande platéia de Biu foi no Abril Pro Rock, em 2003. No ano seguinte, ganhou o mundo com a Fuloresta, numa turnê de duas semanas pela na Europa. Foi a Portugal, Holanda e França. Na voz e na percussão da Fuloresta do Samba, a “goela de ouro da Mata Norte” esteve nos CDs e DVD do seu grupo com Siba, mas também figurou em discos como: Siba e Barachinha (No Baque solto somente, de 2003), no disco de Beto Villares (Excelentes lugares bonitos, de 2003), no disco Pimenta com Pitú, de seu Luiz Paixão (2005), em Brinquedo de Tambor, da própria Alessandra Leão (2006, Independente) e em coletâneas locais - como Frevo no mundo (Candeeiro Records, 2008) – e estrangeiras, a exemplo de What‘s Happening in Pernambuco: New Sounds of the Brazilian Northeast (2007, Luaka Bop) e Criolina: Globrazilian Grooves - Coletânea (2008, Independente).

Quando subiu ao palco, no último sábado, Siba sabia que o fazia muito pelo gosto do mestre que fosse assim. Os metais da Fuloresta soavam mais solenes e na percussão, estava o filho, Mané Roque, mas faltava o pai. Mesmo triste, foi um show forte e todos tocaram com vontade e emoção. Vão ter que se acostumar assim. “Eu tenho certeza que ninguém passou aqui o que esse homem passou de dureza na vida e mesmo assim eu nunca o vi sem estar sorrindo, sempre alegre, foi um privilégio tê-lo conhecido”, falou Siba que, naquela noite, terminou o show mais cedo que de costume. Era hora de voltar a Zona da Mata para a última despedida. O enterro do mestre estava programado para o fim da tarde do sábado, em Goiana.

Por

domingo, 25 de abril de 2010

Na manivela - tira domênica

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Muito além de Gutenberg

O título desse post foi roubado de um texto que li hoje de rolé na web - vale o confere. Aliás, a pérola foi encontrada no Outras Palavras, blog bacaníssimo sobre comunicação em tempos de compartilhamento. Vão lá!

quinta-feira, 15 de abril de 2010

O "X" da questão do pixo

Segue nesse link ótima entrevista com o curador Moacir dos Anjos que foi publicada hoje nas folhas dos Frias.

terça-feira, 13 de abril de 2010

O cheiro do tucanato

O Dr. E. bem que alertou: levar a apresentadora e modelo Ana Hickmann para apresentar o evento que lançou a pré-candidatura à presidência do ex-governador José Serra (PSDB-SP) cheirava a coisa de elite paulistana, que sempre se mostrou pouco envolvida com o Brasil fora do eixo.
Bom, no meio do evento realizado em Brasília, eis que a jornalista Eliane Cantanhêde (Folha de São Paulo) terminou por nos brindar com a sua sintomática reportagem:



Uma ótima análise sobre nossa conjuntura política pré-elições presidenciais se encontra aqui no texto de Kararina Peixoto, publicado nesse link do site da Agência Carta Maior. Boa leitura!

domingo, 11 de abril de 2010

Os donos da palavras - notas domênicas

"As palavras pertencem metade a quem fala, metade a quem ouve."
Montaigne

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Tudo como antes no quartel do Abrantes!

Ana Hickmann apresentará evento tucano

O PSDB contratou a apresentadora e modelo Ana Hickmann para apresentar o evento que lançará a pré-candidatura à Presidência do ex-governador José Serra (PSDB-SP).

Amanhã, as legendas de oposição -PSDB, DEM e PPS- farão em Brasília o chamado "Encontro de Partidos", que na prática lançará Serra na disputa presidencial. Os organizadores esperam levar cerca de 3.000 simpatizantes ao evento. (Folha de São Paulo, 09/04/10)

É o ou não é a cara do PSDB?

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Malcolm McLaren, morre aos 64 anos - obituário

Malcolm McLaren, "inventor" dos Sex Pistols e um dos articuladores mais criativos da história do pop, morreu nesta quinta (8), aos 64 anos, em Nova York. Ele sofria de câncer há bastante tempo.
Em 1971, McLaren abriu em Londres uma loja de roupas com a estilista Vivienne Westwood chamada Sex. Foi entre os frequentadores da loja que ele encontrou os voluntários para sua empreitada mais famosa, os Sex Pistols. A banda detonou o movimento punk na Inglaterra, atingindo sucesso e polêmcia na mesma medida. Seu álbum, Never Mind the Bollocks, é considerado um dos melhores discos de rock de todos os tempos.

Os donos da mídia no Brasil - utilidade pública

Hoje recebi um e-mail bastante situador no que diz respeito a quem são os donos do quarto poder no Brasil - como forma de utilidade pública, repasso abaixo. Estão divididos em 4 grupos que se entrelaçam entre eles. Eis nossos responsáveis invisíveis:

Grupo 1
O primeiro grupo – os “cabeças-de-rede” – são as famílias que controlam as redes de nacionais de comunicação, de TVs, rádios, e jornais de circulação nacional:
• Organizações Globo – família Marinho
• Rede Record – Igreja Universal - Edir Macedo
• Sistema Bandeirantes de Comunicação – família Saad
• Sistema Brasileiro de Televisão–SBT – Silvio Santos
• Grupo O Estado de São Paulo (Estadão)– família Mesquita
• Grupo Folha de São Paulo – família Frias
• Grupo Abril – família Civita (responsável por 70% do mercado de revistas do país, incuindo a Veja).

É importante ressaltar que alguns desses grupos possuem também portais na internet e agências de notícias (ex. UOL, da folha, globo.com, agência Estado, agência globo).

GRUPO 2
O segundo grupo de “donos da mídia” é composto por grupos nacionais e regionais com presença econômica expressiva e alguns fortes grupos regionais. Entre estes grupos estão:

● o Grupo RBS da família Sirostski no RS
● as Organizações Jaime Câmara em Goiás e Tocantins
● o Jornal do Brasil, no DF
● a Gazeta Mercantil, em SP

GRUPO 3

O terceiro grupo é composto por grupos regionais de afiliados às redes nacionais de TV. Neste grupo estão presentes as oligarquias regionais que, obviamente, controlam tanto o poder econômico, quanto o político.
Outra questão importante a ressaltar é que, embora vinculados às redes nacionais de TV, esses grupo locais controlam todo o sistema de comunicação regional por meio de inúmeras rádios e jornais. Exemplos em alguns estados:

● Ceará - família Jereissati (do Senador Tasso Jereissati - PSDB)
● Rio Grande do Norte - família Maia (do Senador Jose Agripino Maia - DEM) e
família Alves (do Senador Garibaldi Alves Filho - PMDB)
● Bahia - família Magalhães (do deputado ACM Neto - DEM)
● Maranhão - família Sarney (do Senador José Sarney - PMDB)
● Alagoas - família Collor (do Senador Fernando Collor de Mello - PRTB)
● Sergipe - família Franco (do SenadorAlbano Franco - PSDB)
● Pará - família Pires (do Deputado Vic Pires - DEM)

GRUPO 4
O quarto grupo é composto por pequenos grupos regionais de TV, rádio e jornais ou ainda por veículos de pequena participação no mercado de mídia, mas que muitas vezes são apêndices de fortes grupos que atuam em outros ramos da economia.
Um bom exemplo dessa situação é a TV Brasília, que durante um bom tempo foi propriedade do Grupo Paulo Octávio. Ou seja, os pequenos grupos de mídia estão também, em sua maioria, sob controle do poder local.
É por isso que nos municípios do interior do país, o dono da rádio local é também o chefe político municipal.


Nossos fabricantes de verdades, muito prazer...

terça-feira, 6 de abril de 2010

Um cineasta, enfim, toma partido

clique aqui e veja artigo do cineasta Jorge Furtado sobre nossa imprensa!

domingo, 4 de abril de 2010

Sem verniz - notas domênicas

"O dinheiro como valor hegemônico na sociedade contemporânea é suposto promover a ascensão social, baseada esta exclusivamente em critérios econômicos e no prestígio do dinheiro. Em seu livro 'O Processo Civilizatório', Norbert Elias analisa os primórdios da 'revolução burguesa' na França, indicando a democratização dos costumes de corte. A burguesia, no esforço de alcançar uma legitimidade que não fosse a do dinheiro que ainda não se impusera como valor, procurou 'aristocratizar-se', adotando a etiqueta e 'as boas maneiras'. Como lhe faltava o universo das tradições e dos méritos da nobreza, esforçou-se para ascender aos bens culturais. Mas, com a institucionalização da sociedade de consumo, os bens culturais que exigiam iniciação para serem compreendidos em suas linguagens próprias - como as artes e os saberes literários - foram sendo abandonados e passaram a se reger pela obsolescência constante.

De onde o advento de 'modas intelectuais'. A ideologia 'novo-rico' prescinde até mesmo do 'verniz da cultura'. Porque a ideologia dominante na sociedade é a da classe dominante, a contemporânea é a dos 'novos ricos'. O 'novo rico' é aquele que conhece o preço de todas as coisas mas desconhece seu valor. Sob seus auspícios, a educação produz uma cultura embotadora da sensibilidade e do pensamento, pois é entendida pela ideologia 'novo rico' como 'serviço' e mercadoria mais ou menos barata dos quais o novo rico é cliente e consumidor."



Olgária Mattos, filósofa e professora titular da Universidade de São Paulo, em A democracia moderna: a corrupção e a estética da moeda - texto na íntegra aqui!

quinta-feira, 1 de abril de 2010

33 anos de cruz!

Já que a sexta-santa bate na porta, o Dr. E. presta uma honrosa homenagem ao maior e mais experiente - são 33 anos de cruz, é o fraco! - cover de Cristo de todos os tempos e republica uma antiga crônica d'O Carapuceiro, escrita pelo seu devoto e não menos talentoso Xico Sá:



Cristo pregado, e as formigas judiando 05-abril-2004
No início era Zé Pimentel, o Jesus oficial e vitalício do coração do povo pernambucano... Ele reinou até o período a.CC, antes dos Cristos de Caras.
Por Xico Sá

Que Jesus de Mel Gilbson que nada, que Je vous salue Marie que nada, Franco Zefirelli também num pegava uma letra. O clássico dos clássicos mesmo é José Pimentel, que fazia o Jesus de Nova Jerusalém a.C.C. (antes dos Cristos de Caras). Preterido pelos Cristos de novela, mudou-se de mala e cuia para o estádio Arruda, onde continua a levar no lombo durante a Semana Santa.
Professor de-não-sei-o-quê deste escriba, na várzea da UFPE, ele contava que o pior momento do drama, o mais bíblico, o mais sofrido, era quando as formigas de Fazenda Nova se assanhavam e procuravam abrigo nos seus zovos justamente na hora em que o filho do Homem estava todo pregado na cruz. Pense num desconforto! Formiga de roça, das ruivas e das pretas, daquelas que não se deixam vencer nem mesmo pelo mais potente dos formicidas. Daquelas formigas de fábulas, cheias de moral, umas chatas. Todas alojadas nos bagos do velho Pimentel. Isso é o que se chamava antigamente de distanciamento brechtiano, me ensinou certa vez o velho e bom Cadengue.
Hoje o mauricinho de Jerusalém tem vida fácil. É só ajustar a peruca (aplique, sabe-se lá) e oferecer a outra face... Além de não ter a frevioca escrotal do formigueiro, Maria é sempre uma gostosa da Globo, Judas é argentino de piada, claro, e Madalena é nada mais nada menos do que Luana Piovani. Galeeeega... Assim é trabalho fácil, melhor do que achar dinheiro em calçada alta –num precisa nem gastar as juntas para se abaixar. Uma moleza. Que drama que nada. É a verdadeira farsa da Boa Preguiça. E quando o Cristo começa a pagar os pecados, as taradas ainda se assanham: “Lindo, lindo, lindo!” “Gostoso, gostoso, gostoso!”. Umas moças velhas dos caritós sertanejos e agrestes, viúvas virgens de Zé Pimentel, correm doidas do juízo. É preciso amarrá-las e conduzi-las ao manicômio de Inocêncio, lá para as bandas de Serra Talhada.
Quem fica hospedado na Pousada da Paixão, do esquema do filho do Homem, vira automaticamente figurante privilegiado da peça. É Paixão de Cristo com abadá, como o carnaval da Bahia. Tem direito a ver as chagas de Cristo bem de pertinho. Se der sorte sobra até um daqueles pregos para bater, uma chicotada para dar, um cascudo, uma dedada, um beliscão de uma donzela empedernida...
Vida fácil a desses Cristos de Caras!


Boa Páscoa a todos!