terça-feira, 29 de abril de 2008

Faíscas literárias (da série "pensamentos avulsos" 2)

"Sendo antilírico resvala da crítica e dos parâmetros tradicionais. Como Fernando Pessoa, a quem abominava especularmente."
"Ela fica bebendo sozinha, no quarto da pensão. Mora no andar de baixo, o das mulheres e velhos largados pela família. Tinha tudo para gostar de Clarice Lispector, mas não gosta, o que acho vantagem. Clarice Lispector é literatura pra mulher-viada."

Ao acaso, acabo de ler estas duas passagens. As primeiras aspas são de Carlos Nejar sobre o poeta João Cabral (em História da Literatura Brasileira); as seguintes do personagem-narrador de Boysinha, novela inédita e inacabada de Xico Sá. Coisas que leio e que me abrem uma fresta da sanidade possível (ou não). "Talvez eu não seja o único louco", aparece o clichê-pensamento no lépido juízo. Bom, só sei que as leio e fico sorrateiramente contente...

domingo, 27 de abril de 2008

Al borde de la ciudad - notas dominicais

"Ni Dios ni la mente, sino
el carbón, el hierro y el petróleo,


la materia real nos ha creado
echándonos hirvientes y violentos
en los moldes de esta
sociedad horrible,
para afincarnos, por la humanidad,
en el eterno suelo.




Después los sacerdotes, los soldados y los burgueses,
al fin nos hemos vuelto fieles
oidores de las leyes:
por eso el sentido de toda obra humana
zumba en nosotros
como el violón."

(Attila József, poeta húngaro)

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Sexta no juízo...

...com o texto do Contardo Calligaris publicado ontem nas folhas dos Frias. Evitem algomerações (salvo o compromisso cívico com suas agremiações futebolísticas) e bom final de semana à tous...

A turba do "pega e lincha"

NA ÚLTIMA sexta-feira, passei duas horas em frente à televisão. Não adiantava zapear: quase todos os canais estavam, ao vivo, diante da delegacia do Carandiru, enquanto o pai da pequena Isabella estava sendo interrogado.
O pano de fundo era uma turba de 200 ou 300 pessoas. Permaneceriam lá, noite adentro, na esperança de jogar uma pedra nos indiciados ou de gritar "assassinos" quando eles aparecessem, pedindo "justiça" e linchamento.
Mais cedo, outros sitiaram a moradia do avô de Isabella, onde estavam o pai e a madrasta da menina. Manifestavam sua raiva a gritos e chutes, a ponto de ser necessário garantir a segurança da casa. Vindos do bairro ou de longe (horas de estrada, para alguns), interrompendo o trabalho ou o descanso, deixando a família, os amigos ou, talvez, a solidão -quem eram? Por que estavam ali? A qual necessidade interna obedeciam sua presença e a truculência de suas vozes?
Os repórteres de televisão sabem que os membros dessas estranhas turbas respondem à câmera de televisão como se fossem atores. Quando nenhum canal está transmitindo, ficam tranqüilos, descansam a voz, o corpo e a alma. Na hora em que, numa câmera, acende-se a luz da gravação, eles pegam fogo.
Há os que querem ser vistos por parentes e amigos do bar, e fazem sinais ou erguem cartazes. Mas, em sua maioria, os membros da turba se animam na hora do "ao vivo" como se fossem "extras", pagos por uma produção de cinema. Qual é o script?
Eles realizam uma cena da qual eles supõem que seja o que nós, em casa, estamos querendo ver. Parecem se sentir investidos na função de carpideiras oficiais: quando a gente olha, eles devem dar evasão às emoções (raiva, desespero, ódio) que nós, mais comedidos, nas salas e nos botecos do país, reprimiríamos comportadamente.
Pelo que sinto e pelo que ouço ao redor de mim, eles estão errados. O espetáculo que eles nos oferecem inspira um horror que rivaliza com o que é produzido pela morte de Isabella.
Resta que eles supõem nossa cumplicidade, contam com ela. Gritam seu ódio na nossa frente para que, todos juntos, constituamos um grande sujeito coletivo que eles representariam: "nós", que não matamos Isabella; "nós", que amamos e respeitamos as crianças -em suma: "nós", que somos diferentes dos assassinos; "nós", que, portanto, vamos linchar os "culpados".
Em parte, a irritação que sinto ao contemplar a turma do "pega e lincha" tem a ver com isto: eles se agitam para me levar na dança com eles, e eu não quero ir.
As turbas servem sempre para a mesma coisa. Os americanos de pequena classe média que, no Sul dos Estados Unidos, no século 19 e no começo do século 20, saíam para linchar negros procuravam só uma certeza: a de eles mesmos não serem negros, ou seja, a certeza de sua diferença social.
O mesmo vale para os alemães que saíram para saquear os comércios dos judeus na Noite de Cristal, ou para os russos ou poloneses que faziam isso pela Europa Oriental afora, cada vez que desse: queriam sobretudo afirmar sua diferença.
Regra sem exceções conhecidas: a vontade exasperada de afirmar sua diferença é própria de quem se sente ameaçado pela similaridade do outro. No caso, os membros da turba gritam sua indignação porque precisam muito proclamar que aquilo não é com eles. Querem linchar porque é o melhor jeito de esquecer que ontem sacudiram seu bebê para que parasse de chorar, até que ele ficou branco. Ou que, na outra noite, voltaram bêbados para casa e não se lembram em quem bateram e quanto.
Nos primeiros cinco dias depois do assassinato de Isabella, um adolescente morreu pela quebra de um toboágua, uma criança de quatro anos foi esmagada por um poste derrubado por um ônibus, uma menina pulou do quarto andar apavorada pelo pai bêbado, um menino de nove anos foi queimado com um ferro de marcar boi. Sem contar as crianças que morreram de dengue. Se não bastar, leia a coluna de Gilberto Dimenstein na Folha de domingo passado.
A turba do "pega e lincha" representa, sim, alguma coisa que está em todos nós, mas que não é um anseio de justiça. A própria necessidade enlouquecida de se diferenciar dos assassinos presumidos aponta essa turma como representante legítima da brutalidade com a qual, apesar de estatutos e leis, as crianças podem ser e continuam sendo vítimas dos adultos.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Ilustras do Amiguinho


Galera, a ilustração acima é do amiguinho Hélder Santos que acaba de colocar na rede seu Flickr . Tudo de primeiríssima, agaranto. O caminho é este, apreceiem!
Ps.: o cara pôs também o seu blog, Helderes Erectus, o mais novo rizoma da seção de links do Dr. E.. Vão lá também!

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Que situação, hein Debord?

O título desse post é o mesmo da mostra sobre o Situacionismo que está em cartaz no Centro Cultural do Banco Brasil do Rio. Começou ontem e vai até o dia 06 de maio com projeções de filmes, palestras, debates e intervenção urbana. Aos que moram ou tão de passagem pela Guanabara, vale a pena uma fuçada - acabei de chegar do filme Sociedade do Espetáculo (homônimo ao clássico livro) de Guy Debord. Maiores informações aqui.

terça-feira, 22 de abril de 2008

O incêndio olindense (Myspace da Eddie)

Semana passada prometi publicar por partes aqui um artigo que escrevi pruma revista universitária do Rio. Ainda exaltei: publicaria o texto fosse ele aceito ou não pelas instâncias maiores, leia-se os organizadores da tal revista. Qual um sujeito despalavreado, não cumprirei meu juramento, pois fui aconselhado (pelas mesmas instâncias) a não publicá-lo agora. Sorry, quando autorizado, postarei-o de imediato. Como redenção, trago abaixo o release que fiz ontem pro Myspace da banda Eddie (encomenda um catzo, texto de fã mesmo!). Espero encarecidamente o perdão dos leitores...



Olinda, 1989. Datar como de costume, como de costume, na Marim dos Caetés, quebrada-cenário de nossos manuais de história e chapações. “Lembra quando Nassau...? E daquela cachaça?” Duvido! Mas, recordo que foi neste ano que ouvi Pixies+Ramones+Dead Kenneds+frevo, entre outros pesos e bossas, ecoar na rua do Sol (salve o velho Pocolouco!). Todos liquidificados num só nome: Eddie. A verdade é que desde o fogo holandês que varreu a velha vila, não se via tanto calor, transformado agora em massa sonora. Olinda e seus arredores, ainda pré-manguebeat, traduzia sua pegada, seus tipos, seus desejos, em 3 acordes e muita maloqueiragem - o Original Olinda Style em seu legítimo cavalo...

Mas as labaredas do incêndio, desta vez, não ficaram só por ali. Propagaram-se pelo mundo nas turnês da banda pelo Brasil e pela Europa (2005, 2006, 2007). Espalharam-se também através dos 3 registros em discos, tocados nos mais dignos sound-systems: Sonic Mambo (Roadrunner, 1998), Original Olinda Style (independente, 2002) e Metropolitano (independente, 2006) - em primeiríssima: tem um outro na manga pra ser lançado no segundo semestre de 2008.

Hoje, depois de várias formações, a Eddie é composta por Fábio Trummer (guitarra & voz), Urêa (percussão & voz), Andret (trompetes, teclados & samplers), Kiko (bateria), Rob (baixo) e a presença especial de Erasto Vasconcelos. Um escrete com sonoridade própria, cheia de grooves peculiaríssimos e experimentações inflamáveis. Capaz de incendiar até o mais frio dos terreiros do velho mundo, de levantar o fogo morto de ritmos quentes abafados pelo discurso da tradição, como o próprio frevo (o hit Quando a maré encher é frevo, meu bem!), entre outras façanhas infernais. Fica, então, o alerta: a Eddie é combustão certeira. Cuidado, principalmente se você brinca com álcool...

domingo, 20 de abril de 2008

Só para os grandes - notas dominicais

"O sofrimento e a dor são sempre obrigatórios para uma consciência ampla e um coração profundo. Os homens verdadeiramente grandes, a meu ver, devem experimentar uma grande tristeza no mundo."


Do atormentado Raskólnikov, personagem principal de Crime e Castigo, romance de Fiódor Dostoiévski.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Sexta Jorge

Passei a semana preso entre um trabalho e um artigo e nem pude dar as caras por aqui. Com o texto pronto, fico um pouco mais livre (na verdade, ontem me apareceu uma encomenda-brodagem com o prazo já na agulha) e a idéia é publicá-lo por partes na próxima semana nesta bodega eletrônica, seja ele aceito ou não pelas instâncias maiores (organizadores da revista de uma facu daqui do Rio). Aguardem, fica a promessa.
Pra não deixar a semana em branco, seguem no anexo imaginário do clipe abaixo meus votos de bons feriados: de São Jorge (23/04) aos cariocas e catalães e de Tiradentes (21/04) a todos os brasileiros. Saúde e paz, Dr. E.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Prosaico (da série "pensamentos avulsos")

É tanto desmantelo, tanta confusão
Que só acreditando em histórias épicas
E eu odeio histórias épicas.

domingo, 13 de abril de 2008

Sanidade inexistente - notas dominicais

"...todos nós, e com bastante frequência, agimos quase como loucos, apenas com a pequena diferença de que os 'doentes' são um pouco mais loucos do que nós, porque neste caso é necessário distinguir o limite. Já o indivíduo harmonioso, e isso é verdade, quase não existe; em dezenas, e talvez até em muitas centenas encontremos um, e ainda por cima em espécimes bastante fracas..."
O médico Zóssimov, personagem de Crime e Castigo, romance de Fiódor Dostoiévski.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Grito dos desvalidos

Salve as almas inconformadas!
Mas só as verdadeiras.
Não aquelas de descontentamento fácil, pueril.
Como as de comunistas ricos, por exemplo.
Aliás, dos abastados espera-se apenas alguns espíritos benevolentes.
Apesar de saber que a generosidade tem o limite imposto por suas confortáveis existências.
Livrar-se da moral burguesa é mais difícil do que pegar em armas (tal ato na Terra de Santa Cruz ainda pode render indenização - e aos que não precisam).
Afinal, "viver é perigoso", grita a sabedoria dos desvalidos pela garganta de um jagunço inventado.
Arriscado de um jeito que talvez nem um grande escritor imagine.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Aviso aos navegantes...

Na semana passada uma amiga leitora comentou que eu demorava MUITO (assim mesmo em caixa alta) pra escrever aqui no blog. Talvez ela tenha razão. Diante desta possibilidade, senti a necessidade de alguns esclarecimentos.
Criei o Dr. E. por certos motivos. O primeiro deles foi o de utilizá-lo como uma homepage onde poderia disponibilizar currículo e textos publicados, fazendo dele uma espécie de “cartão pessoal” eletrônico. Outra razão foi a de poder compartilhar publicamente textos que leio no meu cotidiano e que me despertam a atenção. Para isso, criei uma “seção” chamada “notas dominicais”, cujo título é uma referência esquisita ao livro homônimo de Louis-François de Tollenare, comerciante francês de algodão que viveu no Recife entre os anos de 1816 e 18. Tirando o fato de ser renovada aos domingos, tal como escrevia o gringo, a alusão a obra não tem nada com nada, quase um esoterismo (acho que li capítulos dela na minha graduação e por isso o nome deve ter ficado na cabeça). Por fim, a causa última, mas não menos importante, foi a do blog me estimular a escrita (como faço agora), forçando-me a criar trechos e/ou situações de caráter literário (ou não ; )), como um exercício. Lógico que isto tem entreveros. Não é sempre que você pode ou consegue escrever. Trabalhos, viagens, doenças e problemas técnicos com estas máquinas que encarecidamente nos disponibilizam os textos, muitas vezes nos impedem de criar um parágrafo sequer. Como um reles mortal, humanamente igual aos outros, não estou livre destas intempéries. Outras vezes, nem o fato de ser um simples exercício de escrita faz com que eu queira gastar a paciência dos possíveis leitores. Um tanto de vaidade, um tanto de incapacidade. Melhor poupá-los. Neste caso então, meu sumiço, acreditem, será puro zelo...

domingo, 6 de abril de 2008

O segredo da beleza - notas dominicais

"Apesar dos quarenta e três anos de Pulkhéria Alieksándrovna, seu rosto ainda conservava traços da antiga beleza e, ademais, ela aparentava uma idade bem mais jovem, o que acontece quase sempre com as mulheres que preservam até a velhice a lucidez do espírito, o frescor das impressões e o ardor honesto e puro do coração. Digamos, entre parênteses, que conservar tudo isso é o único meio de não perder a beleza nem na velhice."

Trecho de Crime e Castigo, romance de Fiódor Dostoiévski.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Falha súbita (Marguerite Duras sample's)

- "O amor não existe!", bravateia o Exu inconformado que habita no lado esquerdo de minha caixa craniana por alguma razão que já nem lembro mais - publicidade, revolta anti-burguesa, inveja, sei lá... O professor-pasquale-dos-meus-inferno ainda leciona:
- "Assim como todas as palavras, o substantivo 'amor' nada quer dizer. Ou melhor, 'amor' quer dizer aquilo que nós, enquanto criaturas temporais, determinamos o que ele diga ou signifique."
- Mais clareza, faz favore.
Prosseguiu:
- "As palavras não possuem significado essencial. Elas ganham sentidos em função 'dos algos' que lhes atribuímos. Atribuições e sentidos quase sempre determinados por épocas, classes, culturas, enfim, circunstâncias históricas. E com a palavra amor, não é diferente. Podem me acusar de sem coração, mas o amor pode não existir, como parece óbvio não ser amor o amor publicitário (o 'amor colgate', só sorriso), o amor cárcere-propriedade-privada, o amor pequeno-burguês... Todos eles preenchidos por ideais, posses, mesquinhez... Eu não conseguiria chamar de amor umas coisas dessas! É clichê, eu sei, mas do jeito que as pessoas o preenchem, o amor, faz tempo, tá fadado ao fracasso.
- Ok, mas por que, mesmo diante das razões do seu raciocínio, essa invenção do século XII ainda teima em aparecer?
- "Porque parece que aqui não há lugar para razões. Desconfio que o amor surja de uma falha súbita na lógica do universo..."

terça-feira, 1 de abril de 2008

Sobre genialidades e (falta de) materialidades

No último domingo, Renato L, jornalista e conhecido com ministro da informação do Mangue, publicou no Manguetronic um ótimo texto chamado “Por que (ainda) precisamos de ‘gênios’?”. Para responder a pergunta-título, o autor começa:
“Antes de tudo, porque ainda estamos presos a um conceito romântico de Arte, que faz da inspiração uma dádiva divina e do indivíduo o centro do ato criativo. Não sobra espaço, aqui, para a materialidade inerente ao metabolismo social da vida humana e para o reconhecimento do coletivo como instância definidora fundamental de nossos atos – inclusive os criativos.”

Já neste início, Renato deixa claro que sua posição na interpretação dos objetos artísticos é materialista. Quando escrevo materialista, não me refiro ao sentido corrente da palavra que designa normalmente pessoa interesseira e/ou apegada a bens materiais, mas sim àquele utilizado na filosofia ocidental. Mas, o que seria uma posição interpretativa materialista? Ou melhor o que é ser materialista?

Pois bem, ontem coincidentemente comecei a ler o último livro do Joel Rufino dos Santos, Quem ama literatura não estuda literatura, e logo na página 17 encontro o seguinte parágrafo (e que terminou por motivar este post):

“O materialista é apenas aquele que vê na base material da existência – a natureza, o universo, a sociedade, a cultura, o corpo humano etc. – a explicação última para tudo; última, mas não única. Nas suas análises, o materialista busca sempre identificar a materialidade dos fenômenos. Por exemplo, ao analisar o conceito de literatura dominante em nossas faculdades de letras, critério final pelo qual se incluem e excluem autores dos currículos, em vez de aceitar esse conceito em si mesmo como válido e correto (ou mesmo inválido e incorreto), o crítico materialista procura as razões materiais (algumas inconscientes) que nos levaram a adotá-lo. Para ele não se trata apenas de razões ideais, como o bom gosto, o cânone, a tradição, a literalidade etc. Ele se pergunta pela materialidade dessas idéias e definições, indo encontrá-las em fatores materiais, tais como a história da língua, o poder das instituições sociais (a Academia Brasileira de Letras, por exemplo), o movimento editorial, o mercado do livro, a classe dos professores de literatura, seus interesses profissionais (a começar pelo salário) e assim por diante.”

Após ler este trecho, uma ponte com a primeira citação me pareceu evidente e inevitável. Ao questionar a necessidade de gênios (e de cânones), Renato ataca as razões ideais de suas existências refletidas, por exemplo, na encarnação de valores eternos (comumente transformados na palavra mágica "tradição") por eles. Mostra também certos mecanismos de seus cultos criados pela indústria cultural, que os tornam acriticamente em celebridades unânimes. Denuncia, sobretudo, a falta de suas materialidades:
“nós cultuamos os 'gênios' porque não os conhecemos. Não trepamos com eles. Não sentimos os seus cheiros. Não fomos vítimas de suas vinganças mesquinhas. Não privamos de sua humanidade.”

Se quiserem mais, não deixem de ler o “texto” na íntegra!