Tem início esta semana no reino da Guanabara o festival de cinema. E a vedete do evento, por motivos óbvios, é "Tropa de Elite". Como todos sabem, o filme foi parar nos camelôs antes de ser lançado e isto gerou milhões de discussões sobre o tema da pirataria. Não irei aqui repetir as polêmicas - e já tô achando demais ceder este espaço ao danado, dando-lhe mais uma contribuição publicitária (sim, porque as polêmicas serviram para isso!), mesmo que este minifúndio de pixels só tenha, se tanto, 17 leitores...Porém, depois de escutar num debate que o que ocorreu com o filme foi um "estupro a obra", uma questão elementar me surgiu em meio ao terremoto de moralidades: o que deseja o diretor com a sua realização? Bom, se eu fosse um cineasta e a pergunta fosse dirigida a mim, responderia que diante do apartheid cultural vigente no Brasil, minha vontade seria a de que ela fosse vista (assim como desejo que meus textos sejam lidos, gracias meus 17 escudeiros!). E é o que vem acontecendo com o filme, pois ele está sendo assistido por milhares de espectadores. Mas eis que surge o argumento de que o diretor está perdendo rios de dinheiro com as cópias ilegais. Será? Alguém aqui acredita que o público que teve acesso a elas é o mesmo que frequenta as salas de cinema do país? Sinceramente, não creio. Parece-me fato que aqueles que tiveram o canal clandestino da obra são de origem mais pobre e que não têm, pela própria falta do "faz-me-rir", o costume de encher as bilheterias das casas do ramo.
Acho, sinceramente, que o diretor deveria se satisfazer com o fato de seu filme ter caído nas graças do grande público (grande público de verdade, não "grande público" de cinema!). Deveria sim se contentar em ter despertado o interesse de uma parcela significativa da população. A menos que não considere essa parcela como gente, o que é comum nesta plaga, onde produções cinematográficas e tantas outras coisas são restritas a tão poucos.
ps.: Mas, se numa suposta resposta a minha questão o diretor dissesse que seu interesse é ganhar dinheiro, ele deveria ao menos deixar uns royalties no universo em que filmou. Aqui é assim: filmar pobre pode, mas pobre ver filme não!
E-X-C-E-L-E-N-T-E! Sem comentarios...
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